Dia da Árvore: a mensagem de paz e esperança das flores dos ipês

A árvore é um dos mais fortes símbolos da natureza e das diversas culturas da humanidade pois representa a vida em constante evolução. Simboliza luz, paz e aconchego.
Comemorar o Dia da Árvore tem como objetivo principal a conscientização a respeito da preservação desse bem tão valioso. É também um dia de reflexão sobre nossas atitudes em relação a essa importante riqueza natural.


O 21 de Setembro é muito mais do que o ato simbólico de plantar uma árvore. Deve ser encarado como um momento de mudança de postura e conscientização de que as atitudes de hoje afetam as gerações futuras. É importante também a criação de políticas públicas que combatam a exploração ilegal de árvores e o desmatamento.
As árvores exercem um importante papel para a sobrevivência de ecossistemas complexos, realizam a fotossíntese e transformam o gás carbônico em oxigênio, fatores imprescindíveis à vida de todos.


Há gerações, os povos da floresta, aprendem a manejar diferentes espécies de árvores, coletando e extraindo seus frutos, sementes e seivas, sem colocá-las em risco, atentos às estações e ciclos da floresta. Isso demonstra o enorme valor que a floresta tem quando mantida em pé.
A manutenção da floresta em pé e a conservação de árvores símbolos da Amazônia, como a castanheira, são frutos da profunda conexão que os povos indígenas e populações tradicionais tem com a floresta.

Além do mais purificam o ar pela fixação em suas folhas da poeira que a chuva conduz para o solo; proporcionam sombra e conforto térmico; reduzem a velocidade do vento; conservam a umidade do solo e do ar e influem no balanço hídrico, favorecendo a infiltração da água no solo; amortecem os ruídos; abrigam e alimentam a fauna, equilibrando cadeias alimentares e diminuindo pragas; e enriquecendo a paisagem.


Desde a inauguração de Brasília, a Novacap vem arborizando a capital e as regiões administrativas com diferentes espécies. São milhares e milhares de árvores que colorem as quadras residenciais, parques e avenidas de janeiro a dezembro. Em cada canto um encanto.
As árvores embelezam as cidades com um arco-iris de cores. Suas flores nos ensinam silenciosamente que os problemas passam assim como as estações. Esse encantamento fez com que o Brasil e cada região tivesse uma árvore símbolo.
O Ipê Amarelo foi escolhido como árvore símbolo da nação porque, quando floresce, suas flores caem no chão formando uma massa amarela que se destaca no verde das matas, como a bandeira brasileira. Além disso, a árvore está sempre florida no 7 de setembro, data da independência do Brasil.

Contrariando a natureza, em meio à seca, calor e baixa umidade do ar, as flores do ipê desabrocham em dias cinzentos de inverno. E é assim, antes mesmo do surgimento da nova folhagem, que elas anunciam a proximidade da Primavera. O colorido e a beleza das flores roxas, amarelas, brancas, e rosas dos ipês elevam a nossa auto-estima.
Os ipês dão espetáculo a cada floração e proporcionam um clima de paz e alegria em contraponto a aridez da paisagem. Famosos por colorir Brasília durante a temporada de seca, os ipês proporcionam, a cada floração, verdadeiros espetáculos.

Enquanto a seca e a baixa umidade do ar castigam as pessoas e os animais, a beleza, o colorido e aroma dos ipês conforta a rotina das pessoas que circulam pelas quadras residenciais e avenidas da capital do país.
Essas árvores fazem parte da identidade do Distrito Federal e rendem debates apaixonados sobre qual floração é a mais bonita. Para quem é fã da natureza, a paisagem é de encher os olhos e acalmar o coração.

O reinado da florada branca com coloração amarela no seu interior chegou esplendido. É hora de curtir este clima de paz em contraste com o azul do céu porque o ciclo de vida da flor é perene. O Ipê branco é associado à luz, espiritualidade, bondade, paz e limpeza. É a cor da perfeição e também “cor da luz” porque reflete todos os raios luminosos proporcionando uma clareza total.

O biólogo Stefano Aires, professor do UniCeub diz que a cor branca está relacionada ao tipo de polinizador. “Os ipês são polinizados majoritariamente por abelhas, mas eles também têm autofecundação, ou seja, a própria flor pode se polinizar.
“As flores brancas florescem no final da seca, quando as sementes são dispersas pelo vento. É uma época que venta bastante, as sementes ficam no chão tempo suficiente para iniciar a estação chuvosa, e depois germinarem. É uma estratégia de sobrevivência da espécie”, diz Stefano.


Os desafios fisiológicos enfrentados durante a seca são o que fazem do ipê, uma planta de extrema importância para o bioma do cerrado. Os ipês tem muito simbolismo. São resilientes e florescem na seca, pior momento para todas as plantas, dando cor ao ambiente árido.


O professor de ecologia da Universidade de Brasília, Eduardo Bessa, explica que a floração na seca se dá pela melhor adequação da planta. “Fisiologicamente a estratégia reprodutiva dos ipês é se reproduzir durante a seca. Parece um contrassenso se reproduzir numa época em que existe um desafio fisiológico, mas a planta adulta e as sementes resistem melhor à seca do que as plantas jovenzinhas. Por isso a floração do ipê é típica do período”.


As flores do ipê branco são de extrema importância para os animais. Garante um sustento nutricional a muitas espécies num momento de escassez de recursos. Polinizadores, como as abelhas que visitam as flores dos ipês, e pilhadores de néctar, como os periquitos, estão num momento da seca em que não há muitas alternativas de alimento para eles. A floração abundante, ainda que efêmera, como a dos ipês,proporciona um banquete.


As flores das árvores nos ensinam, silenciosamente, que os problemas passam assim como as estações.

Fotos: Divulgação, Discovervacations/reprodução e Bernadete Alves