Bocaiuva: ingrediente perfeito para instigar a criatividade e gerar negócios

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A exótica palmeira Bocaiuva promove saúde e movimenta a economia

O Brasil é um país continental com muita tradição popular que instiga a criatividade de pesquisadores e consumidores. A bocaiuva é um desses casos. A palmeira espinhosa cujo caule pode crescer 15 metros de altura, tem frutos redondos dispostos em cachos com cerca de 50 unidades. A polpa é alaranjada, macia e fibrosa. Dentro dela tem uma amêndoa que pode ser consumida.


Segundo a tradição popular, o fruto da bocaiuva tem diversas denominações. Isso não só inclui o nome da palmeira que lhe dá origem mas também macaúba, macaíba, macaúva, coco-baboso, coco-de-espinho e coco-macaúba. Porém, uma das nomenclaturas mais folclóricas se deve ao aspecto grudento do fruto (como a Jaca) e à região onde é farto. Em Cuiabá e no entorno da capital mato-grossense, a bocaiuva é chamada de chiclete cuiabano.

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Palmeira Bocaiuva, também conhecida por Macaúba, uma relíquia do cerrado

Entre os coqueiros cujos cocos são apreciados e com valor comercial distingue-se o bocaiuva, também chamado de macaúba. Esta palmeira nativa do Brasil Central, predominantemente do cerrado é aproveitada de várias formas. Das folhas aos frutos, tudo pode ser aproveitado. Araras e outras aves apreciam muito o fruto da Bocaiuva ou macaiva.

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Bocaiuva: fruto do cerrado que faz bem para a saúde e movimenta a economia

Apesar de pequeno, o fruto é grande do ponto de vista nutricional. De acordo com a Tabela de Composição de Alimentos (TACO) a bocaiuva é um fruto cujo principal componente são os lipídeos (40,7g do nutriente em 100g do fruto), o que justifica seu valor energético (404 Kcal em 100g).


Os ácidos graxos presentes em maior quantidade na bocaiuva são os insaturados (benéficos para a saúde), com predomínio do oleico (mesmo ácido graxo encontrado no azeite de oliva). Esta palmeira também é rica em linoleico (ácido graxo considerado como essencial pois o organismo não o produz).

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Polpa e amêndoa de Bocaiuva, fruto do cerrado com valor nutricional e econômico

O fruto da bocaiuva é rico em minerais, fibras, fonte de vitaminas A, C e E, realçando as ações antioxidante, anti-inflamatória e quimiopreventiva.


Estudos feito pela Embrapa apontam que a bocaiuva apresenta potencial como fonte de óleos brutos que não necessitam ser refinados para consumo humano, podendo assim unir as propriedades físico-químicas do fruto com processos menos refinados e eficientes, adaptando-se à demanda do mercado, que busca uma alimentação mais saudável.

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Bocaiuva, também conhecida por Macaúba, o fruto do cerrado com inúmeras utilidades


Seu fruto possui 2 tipos de óleos: o da polpa que é utilizado para produção de biodiesel e o da amêndoa , que é mais nobre e é prensado a frio para manter todas suas propriedades. O óleo da amêndoa é usado na produção de margarina, cosméticos, sabonete e sabão.


Com o processamento da polpa e da amêndoa de bocaiuva, a fim de extrair óleos, os farelos são obtidos como coprodutos e apresentam proteínas, fibras e carboidratos. Devido às suas propriedades nutricionais e funcionais tecnológicas, à capacidade de absorção de água e gordura, emulsificante, estabilizante e espessante, os frutos podem ser aplicados na indústria. Desta forma, podem ser aproveitados para uso em panificação e massas, na indústria de cárneos, além de suplementação alimentar.

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Polpa do fruto da Bocaiuva, também chamado de Macaúba, tem propriedades nutricionais e energéticas

Muito utilizada no Centro-Oeste, com destaque para a região do pantanal mato-grossense, o fruto dessa planta tem sabor adocicado e é bastante comum nos doces da culinária local. Aparece, por exemplo, como ingrediente de pudins, cremes, sorvetes, trufas, barrinhas de cereal e bolos. Além disso, vai em pratos salgados, como no pintado (peixe da região) ao creme de bocaiuva.


Pesquisadores da Embrapa Pantanal, apontam que a planta tem propriedades medicinais. Segundo a tradição dos povos daquela região, a seiva da bocaiuva pode ser utilizada no tratamento da erisipela, uma doença infecciosa aguda, causada por estreptococos, caracterizada por uma inflamação da pele.

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A farta produção de cocos da palmeira Bocaiuva


O óleo extraído da castanha da bocaiuva também tem potencial para o uso como biocombustível. É o que apontam estudos conduzidos pela Embrapa Pantanal. Isso só comprova a vocação versátil da Bocaiuva.

As folhas são utilizadas para suplementação alimentar de cavalos e bois, servindo como reforço na ração dos animais. Pode ser utilizada na cobertura de casas, os frutos como brita e a madeira como parede. As palhas são matéria prima para artesanato.

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Bocaiuva: ingrediente perfeito para instigar a criatividade e gerar negócios

Fotos: Divulgação e Reprodução