Cardiologista José Roberto Barreto Filho, que tinha por missão cuidar e ensinar, morre aos 63 anos

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Cardiologista José Roberto Barreto Filho, mestre em cuidar e ensinar


É com pesar que registro o falecimento do médico José Roberto Barreto Filho, aos 63 anos, em decorrência de um câncer no pâncreas. Ele foi enterrado no Campo da Esperança, no final desta terça-feira, 23 de novembro. Brasília perde um dos grandes nomes da medicina cardiológica, o jiu-jitsu perde um grande mestre e a família perde um grande homem.


O médico deixa um legado de avanços tecnológicos na área médica, além de ser um dos principais responsáveis por trazer o jiu-jitsu para a capital. O mestre José Roberto Barreto tem uma história de sucesso e superação. Quais foram as estratégias que ele utilizou para honrar a herança da família Barreto Jiu-jitsu


O cardiologista e pioneiro do jui-jitsu
, era uma pessoa otimista, guerreiro, iluminado, que cuidava de seus pacientes com amor e devoção. Exemplo de filho, irmão, pai, amigo e solidário. José Roberto Barreto Filho enfrentou o câncer com esperança e resiliência e continuou cuidando de seus pacientes.

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José Roberto Barreto Filho, no Centro de Treinamento Barreto, Academia de Artes Marciais na 507 Sul


Natural do Rio de Janeiro, José Roberto Barreto Filho veio a Brasília em 1978 em busca do diploma de medicina pela Universidade de Brasília. Em 1984, ele decidiu que a capital federal seria palco da atuação de excelência que ele estava disposto a entregar para salvar vidas. Logo após conquistar a especialização em cardiologia, entre 1985 e 1986, o médico não parou de estudar para trazer o melhor para a área que escolheu.


Foram oito cursos de aperfeiçoamento, entre universidades brasileiras e estrangeiras; mais uma especialização, agora em eletrofisiologia; e mais de 80 congressos e cursos rápidos na área registrados no currículo do especialista. A excelência profissional a receber uma medalha de Honra ao Mérito da Presidência da República, por meio da Secretaria Especial da Ciência e Tecnologia, em 1989.

Dr. José Roberto de Melo Barreto Filho, além de médico particular com consultório no Victória Medical Center, presidia o Centro de Tratamento Cardiovascular (CTVC), do Hospital Brasília. Na instituição, ele liderava uma equipe que aliava atendimento de emergência e estudo para criar avanços científicos.


Uma das inovações
registradas e lideradas por ele foi a realização pioneira em Brasília de um implante de válvula aórtica por cateter. Na época, o Dr. Barreto afirmou que o procedimento evitava a necessidade da cirurgia aberta e aumentava as chances de salvar pacientes com doença vascular. Com a possibilidade de condução do implante por via percutânea, que é minimamente invasiva, mesmo aqueles que não podem enfrentar uma cirurgia aberta são candidatos ao procedimento, comentou, na época, ao site do CTVC.


O falecimento precoce do cardiologista consternou amigos, pacientes e atletas
. Para eles a vocação de José Roberto era cuidar de pessoas, seja profissionalmente, seja no círculo de amizades ou entre entes queridos.


Nas redes sociais o ator Jorge Pontual, primo de José Roberto, revelou que o médico foi, para ele, amigo, irmão, conselheiro e o profissional que cuidou do pai dele.

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Ator Jorge Pontual com o primo e amigo José Roberto Barreto Filho


“Meu primo (na verdade, meu irmão) foi meu herói! Uma pessoa de sorriso fácil, campeão de jiu-jitsu, parceiro, conselheiro, amigo…. Morei um tempo com ele e meus primos e tios em Brasília. Era um grande médico, eu sempre pedia conselhos, ele cuidava da família, cuidou do meu pai…”, disse em uma homenagem feita em uma rede social.


“Sem palavras pra dizer o quanto eu amava esse meu irmão querido! O que importa é que foi em paz para os braços do Senhor. Você sempre estará no meu coração. Estarei sempre emanando amor para que você possa estar fazendo a passagem da melhor forma”, disse Pontual.


O médico José Barreto Filho foi o responsável por difundir a prática da arte marcial no Distrito Federal, logo após chegar na cidade, em 1984. Acompanhado do tio, mestre Sérgio Barreto, eles começaram a ensinar a luta para a guarda presidencial da época e também para membros da Polícia Federal.


Segundo o Centro de Treinamento Barreto, instituição criada pela família e em vigor até hoje na 507 Sul, “A gentileza e o cuidado que o médico tinha com seus pacientes, também eram passados pelo ensino e prática do jiu-jitsu”.


Pra aprender os conhecimento técnicos do jiu-jitsu, o praticante deveria ter uma reputação ilibada e um caráter digno de possuir tais conhecimentos. A preocupação, de acordo com o Centro Barreto, era a integral formação do atleta.


Com esse objetivo, José formou diversos professores do DF e foi responsável pela criação indireta de alguns centros sociais que oferecem aulas gratuitas para crianças e adolescentes de baixa renda como uma forma de ajudá-los a se livrar de possíveis rotas de tráfico de drogas ou outros crimes.

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José Roberto Barreto Filho, pioneiro e mestre de Jiu-Jitsu em Brasília


O anúncio da morte do mestre
fez com que os atuais “faixas pretas” prestassem diversas homenagens a José Barreto. A primeira foi de um dos principais pupilos de José, o atual principal professor do Centro de Treinamento Barreto, o mestre Roberto Macedo.


“Nosso mestre foi certamente um dos grandes responsáveis por tudo que sou hoje. Fez o bem a vida toda. Foi médico, professor, irmão e iluminado. Sigo vivo para manter viva sua memória e sua trajetória como fazedor implacável do bem”, disse Roberto Macedo.


A campeã mundial de kickboxing e tetracampeã mundial de caratê Carla Ribeiro, que era amiga pessoal de José, disse que o médico cuidava dos coração das pessoas porque ele era “de um grande coração”. “Meu querido amigo passou da morte para a vida. Ele não se escravizou pelo diagnóstico do câncer, ao contrário, continuou lutando, vivendo, e, claro, amando porque para ele amar era o mais importante da vida”.

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Cardiologista José Barreto Filho, durante viagem de estudos


Fotos: Reprodução