“Brasil Futuro: As Formas da Democracia”, celebra a esperança e a identidade plural do Brasil

bernadetealves.com
Museu Nacional da República, em Brasília, apresenta “Brasil Futuro: As Formas da Democracia”, uma celebração aa esperança e aa identidade plural do Brasil

A exposição “Brasil Futuro: As Formas da Democracia” , em cartaz no Museu da República em Brasília, desde o inicio deste ano, pode ser visitada até o dia 06 de março. Esta bela e significativa mostra simboliza a retomada da democracia, a diversidade cultural e a identidade plural do Brasil.

As veredas de Brasil futuro evidenciam obras que radiografam tensões, contradições e emoções deste país gigantesco e complexo que chegou ao final de 2022 sob o signo da esperança, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva em uma turbulenta eleição presidencial.

bernadetealves.com
Presidente Lula e a primeira-dama Janja Lula da Silva e Lilia Schwarcz, durante visita à exposição “Brasil Futuro: As Formas da Democracia, em Brasília

A exposição formada por 180 obras de artistas brasileiros tem curadoria de Lilia Schwarcz, Paulo Vieira, Márcio Tavares e Rogério Carvalho.

“Brasil Futuro: As Formas da Democracia” é uma homenagem ao regime democrático desenhada a partir de recortes de gênero, raça, diversidade e região. “São várias gerações com atenção grande para artista negros, negras, da comunidade LGBTQIA e indígenas”, explica a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz.

bernadetealves.com
“Brasil Futuro: As Formas da Democracia”, celebra a esperança e a identidade plural do Brasil

Francisco Costa, por exemplo, propõe uma Bandeyra (2019) rosa e com o arco-íris do movimento LGBTQIAP+ substituindo a faixa “Ordem e progresso”. Marilá Dardot nos lembra a idiossincrasia conservadora e misógina da votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, em abril de 2016, com seu tríptico A República, de setembro passado.

Thiago Honório, Antonio Dias, Emmanuel Nassar e Bruno Baptistelli convidam a uma expansão do olhar para “o verde-louro desta flâmula”, ora trocando as cores, ora subvertendo os materiais, ora conclamando a nação para, em vez de ordenar e progredir, caminhar com todos os seus artistas – homens, mulheres, brancos, negros, indígenas, LGBTQIAP+ 

O moedor, uma coluna de azulejos feita em óleo sobre alumínio e poliuretano em que o verde e o amarelo da bandeira nacional se recompõem em padrões geométricos, criada por Adriana Varejão em 2021. A artista propõe uma releitura do verde e amarelo da bandeira brasileira.

bernadetealves.com
“O moedor”, de Adriana Varejão, propõe uma releitura do verde e amarelo da bandeira brasileira

E diversas releituras do “lábaro que ostentas estrelado”, com artistas de vários estados e em suportes distintos a repensar esse símbolo-chave das disputas de narrativa na contemporaneidade brasileira.

Cerca de metade das obras pertence aos acervos do MuN, do Museu de Arte de Brasília (MAB) e da Presidência da República. Quando enfeixadas sob um desejo curatorial de ratificar a cultura como elemento crucial da identidade de um país, ganham e reverberam novos sentidos. “A cultura não é produto, a cultura produz valores, conhecimentos e afetos”, sintetizou Lilia, cocuradora da mostra ao lado do arquiteto Rogério Carvalho, do ator Paulo Vieira e de Márcio Tavares, ex-secretário nacional de Cultura do Partido dos Trabalhadores e atual secretário-executivo do MinC.

bernadetealves.com
“Brasil Futuro: As Formas da Democracia”, celebra a esperança e a identidade plural do Brasil

E a cultura “somos nós”, Brasil futuro ratifica, apontando para um “nós” que traz a iconoclastia de Nelson Leirner e Lourival Cuquinha, a delicadeza inventiva de Rivane Neuenschwander e Leonilson, a força de Jaime Lauriano e Thiago Martins de Melo, a expressividade de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca (presentes com Fala da terra, xilogravura em três partes, de 2022) e José Bezerra, a polifonia de Bené Fonteles e Paulo Nazareth.

bernadetealves.com
“Brasil Futuro: As Formas da Democracia”, em cartaz no Museu Nacional da República, em Brasília

A convergência entre passado, presente e porvir manifestada em criações de Anita Malfattti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Mauro Restiffe, Cildo Meirelles, Leda Catunda, Ernesto Neto, Rosana Paulino, Aline Albuquerque e Dalton Paula.

A mostra é um recomeçar na História brasileira, principalmente após o atentado à democracia e aos Poderes da República. Nossa Terra, como bem disse Sônia Guajajara ao assumir o Ministério dos Povos Indígenas, É a mãe de todos os povos.

Este recomeço de fé, esperança e paz pode ser sentido durante a visita à exposição “Brasil Futuro: As Formas da Democracia”. A arte tem poder de transformação.

Fotos: Ricardo Stuckert/PR, Marina Gadelha/Ascom Secec DF, Reprodução