Renato Borghetti, o pioneiro do Disco de Ouro instrumental no Brasil e da música nativista gaúcha, chega aos 60 anos

Renato Becker Borghetti, mais conhecido como Borghettinho, chega neste 23 de julho aos 60 anos de idade como alguém que ainda tem muito o que fazer. O renomado músico instrumentista e gaiteiro brasileiro, notabilizou-se pelo seu estilo único e a sua gaita ponto.
Borghettinho conquistou o público pelo estilo inconfundível ao mesclar folclore e modernidade em suas composições. Ele faz diferentes leituras de obras da música do Rio Grande do Sul, agregando influências de outros estilos brasileiros e internacionais.
A paixão pela música começou cedo. Aos 8 anos de idade já tirava as primeiras notas musicais da gaita que ganhou do pai. Seu pai, Rodi Borghett na época, dirigia o Centro de Tradições Gaúchas. Com sua habilidade com a gaita-ponto, que tem botões no lugar dos teclados, aos 14 anos, já era sucesso junto aos gaúchos.
Aos 16 anos, subiu pela primeira vez em um palco profissionalmente, passando, a partir de então, a participar de diversos festivais de música. Foi nos festivais que começou a chamar a atenção do público e da crítica para a sua música. Tornou-se rapidamente popular, tanto pela sua música, como pelo seu jeito de se vestir, com cabelos longos, chapéu encobrindo os olhos, bombachas surradas e alpargatas de corda.
Em 1984, lançou seu primeiro disco, que inicialmente seria um trabalho independente e para isso, alugou o estúdio Eger e convidou os músicos Ênio Rodrigues, Oscar Soares e Francisco Castilhos para participarem da gravação que teria 2.000 cópias. O produtor Ayrton dos Anjos, porém, levou a fita para a RBS Discos e esta lançou o disco, que rapidamente tornou-se um fenômeno de sucesso. Em três semanas o disco vendeu 60 mil cópias, um recorde absoluto no Rio Grande do Sul.
Rapidamente chegou ao auge conquistando disco de ouro, o primeiro para um disco instrumental no Brasil, e o primeiro para a música nativista gaúcha. Destacaram-se no primeiro trabalho, as composições “Milonga para as missões”, de Gilberto Monteiro, “Minuano”, de Sadi Cabral e “Tio Bila no oito baixos”, de Tio Bila. O disco foi posteriormente lançado em CD e atingiu a marca de 250 mil cópias, alcançando o disco de platina.
Em 1987, lançou seu terceiro disco e as composições “Belém novo”, dele e Paulo Tomada; “Sétima do pontal”, dele e Veco Marques; “Cambicho em Alegrete”, de sua autoria; e outras, além da regravação de “Negrinho do pastoreio”, clássico do compositor gaúcho Barbosa Lessa. No mesmo ano, apresentou-se na Alemanha.

De volta ao Brasil participou em São Paulo do Free Jazz Festival e no Rio de Janeiro, do Projeto Pixinguinha. Em 1989, lançou “Esse tal de Borghetinho”, também pela RCA Victor com destaque para as composições “Quebra-nós”, dele e Deio Escobar, “Porto Alegre” de Veco Marques, “Oitavando no baião”, dele e Veco Marques e “Sábado em família”, dele e Veco Marques.
Alternando trabalhos simples e gauchescos com momentos de maior sofisticação, passando inclusive pelo jazz e a música erudita, Borghetinho, depois de ganhar incontáveis prêmios em festivais, tocou com artistas como Leon Russel e Edgar Winter.
Na década de 1990 tocou no S.O.B.’s de Nova York estabelecendo parceria com a Orquestra de Câmara do Teatro São Pedro, que logo geraria novos trabalhos nessa fronteira erudito-folclórica com a OSPA (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre), a Orquestra Unisinos e orquestras de todo o Brasil.
Em 1991, recebeu prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte pelo melhor disco do ano. Integrou o Projeto Asa Branca, onde por anos fez shows ao lado de Sivuca, Dominguinhos, Elba Ramalho, Alceu Valença entre outros. Em 1994, lançou um LP na Inglaterra pela Prestige Records, no qual interpreta , entre outras, “Bachianas brasileiras nº 5”, de Villa-Lobos; “Minuanio”, de Sadi Cardoso e “Vira-virou”, de Kleiton e Kledir.
Borghetinho também estabeleceu uma ponte com o Uruguai e a Argentina, tocando e realizando parcerias com artistas de ambos os países. Passou também a ter cada vez mais sucesso em excursões pela Europa, chegando a gravar e lançar por lá discos seus e participações em trabalhos de outros artistas.
Em 1998, lançou “Gauderiando”, no qual interpretou diversos clássicos da música gaúcha, tais como “Prenda minha”, que conta com a participação especial de Milton Nascimento, “Felicidade” e “Danças gaúchas”. Contou, também, com a participação do instrumentista argentino Lúcio Yamal na composição “Negrinho do pastoreio” e com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre gravou o “Hino Riograndense”.
As músicas de Renato Borghetti tem como base o folclore gaúcho, misturando as influências trazidas por imigrantes portugueses, espanhóis, alemães e italianos. Em seus discos mescla xotes, rancheira, milonga, polca, vaneira, chamamé, tango, forró, samba e baião.
Em 2001, participou do Primeiro Festival de sanfona do Maranhão juntamente com Dominguinhos, Sivuca, Waldonys, o argentino Antonio Tarragô e os norte americanos Geno Delafose e Mingo Saldival.
Ao lançar seu 15º disco em 2004, foi selecionado para participar do grupo de 10 artistas que representaram a música produzida no sul do país na Mostra “O Brasil dos Gaúchos”, realizada pelo Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF).
Fez vários shows em países da Europa, como Portugal, Itália, Inglaterra, Hungria, Finlândia, Áustria e Bélgica. No fim de 2010, participou do 2º Festival Internacional da Sanfona, em Juazeiro (BA), apresentando-se no mesmo dia que Laudiston Bagagi, Sexteto Pernambucano de Acordeon, Dominguinhos e Cezinha.
Um dos mais renomados artistas levou a musicalidade sulista para diversos cantos do Brasil e também no exterior. Isso rendeu a obra “A Carreira e a Vida de Renato Borghetti”.
Em 2010 lançou um projeto de resgate cultural voltado à educação musical através da gaita para crianças e jovens de 7 a 15 anos. A “Fábrica de Gaiteiros” já possui 18 unidades de ensino até o momento (no RS, SC e Uruguai), tendo a sua sede na Barra do Ribeiro onde são fabricadas as gaitas exclusivamente para atender o projeto. Elas não não sendo comercializadas.
Borghetti é um artista que já tocou com todo mundo e que é reconhecido em todo o país. Sua musicalidade é orgulho para os filhos Cátia, Emily, Pedro, Nina e Dora. A Cátia e a Emily são professoras de dança, o Pedro toca percussão, baixo e violão e já se apresentou com Borghetti diversas vezes, a Nina é pianista, e a Dora toca piano em casa.
Fotos: Reprodução