Cúpula da Amazônia: chefes de Estado e famosos se unem em defesa da crise climática da maior floresta tropical do mundo

A Cúpula da Amazônia é um dos mais importantes encontros de chefes de Estado dos chamados países amazônicos que começou nesta terça-feira, 8 de agosto, em Belém, no Pará. Uma iniciativa brasileira para discutir a proteção e desenvolvimento da floresta com todos os países amazônicos. No final será elaborado um documento que vai orientar a ação dos 8 países integrantes e pautar o debate da sustentabilidade no mundo.
O encontro foi preparado pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), uma organização intergovernamental formada por Brasil, Bolívia Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Esses países, com a assinatura do Tratado de Cooperação Amazônica, em 1978, formam o único bloco socioambiental da América Latina.

A reconstrução das políticas públicas para a região amazônica é uma das prioridades anunciadas pelo presidente Lula, e a Cúpula da Amazônia será um importante marco neste sentido, representando a maior iniciativa internacional do Brasil em 2023. Da mesma forma, o Governo Federal entende a participação social como um elemento central para a promoção do desenvolvimento sustentável e integrado das diversas Amazônias, com inclusão social, responsabilidade e justiça climática.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso na Cúpula da Amazônia, disse que a Declaração de Belém que será adotada pelos chefes de Estado dos países amazônicos será um plano de ação detalhado e abrangente para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Lula disse que as soluções passam pela ciência e pelos saberes produzidos na região.
“A declaração presidencial desta cúpula mostra que o que começamos em Letícia e agora consolidamos em Belém não é apenas uma mensagem política: é um plano de ação detalhado e abrangente para o desenvolvimento sustentável na Amazônia”, disse Lula.
“A Amazônia não é e não pode ser tratada como um grande depósito de riquezas. Ela é uma incubadora de conhecimentos e tecnologias que mal começamos a dimensionar. Aqui podem estar soluções para inúmeros problemas da humanidade – da cura de doenças ao comércio mais sustentável. A floresta não é um vazio a ser ocupado, nem um tesouro a ser saqueado. É um canteiro de possibilidades que precisa ser cultivado”, acrescentou o presidente.

O presidente reforçou que, além do cuidado com o meio ambiente e a biodiversidade da Amazônia, é preciso cuidar das 50 milhões de pessoas que vivem em seu território. “Para resolvermos os problemas da região, precisamos reconhecer que ela também é um lugar de carências socioeconômicas históricas. Não é possível conceber a preservação da Amazônia sem resolver os múltiplos problemas estruturais que ela enfrenta. A Amazônia é rica em recursos hídricos, mas em muitos lugares falta água potável. A despeito da sua grande biodiversidade, milhões de pessoas na região ainda passam fome. Redes criminosas hoje se organizam transnacionalmente, aumentando a insegurança por toda a região”, disse Lula.
Além da Declaração de Belém, assinada pelos presidentes, será apresentado um documento construído nesses diálogos, para, segundo Lula, “nos pressionar a trabalhar mais” pela Amazônia.

A Cúpula da Amazônia reúne os países da OTCA, organização criada em 1978, que estava há 14 anos sem uma reunião. Formada por Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, a OTCA forma o único bloco socioambiental da América Latina. O governo brasileiro convidou para Cúpula a Guiana Francesa, que não está na OTCA, mas detém territórios amazônicos, além da Indonésia, da República do Congo e da República Democrática do Congo, países com grandes florestas tropicais ainda em pé.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deve receber autoridades da Europa – França Alemanha e Noruega, principais doadoras do Fundo Amazônia. Além de chefes de Estado da África (República Democrática do Congo e República do Congo), da Ásia (Indonésia) e do Caribe (São Vicente e Granadinas). O presidente da COP28, Sultan Ahmed al-Jaber, que será realizada em dezembro nos Emirados Árabes, também participa do evento.

O assunto a ser tratado por chefes de Estados é também de interesse de famosos como Leonardo DiCaprio, que sempre usa suas redes sociais para fazer alertas e demonstrar apoio às causas da Amazônia, como na quinta-feira (3), quando ele pediu respeito e preservação do Parque Nacional de Yasuní, na Amazônia equatoriana.

Em julho deste ano, o astro de “Titanic”, por meio de sua instituição, Re:wild, que integra a coalizão filantrópica Protecting Our Planet (POP) (Protegendo Nosso Planeta, em tradução livre) investiu US$ 200 milhões, aproximadamente R$ 974 milhões na cotação atual do dólar, nos próximos quatro anos. O plano é acabar com o desmatamento na Amazônia, proteger os povos originários e acelerar a economia sustentável.

Além de DiCaprio, outros famosos internacionais e nacionais defendem a Amazônia como Gisele Bündchen, Madonna, Mark Ruffalo, Anitta, Lewis Hamilton, Demi Lovato, Will Smith, Kim Kardashian, dentre outras celebridades como o cantor Sting, vocalista do The Police, lutador das causas ambientais e pela Amazônia desde os anos 1980.
Em 2020, ano em que completou 40 anos, a modelo e empresária Gisele Bündchen viabilizou o plantio de mais de 250 mil árvores na Amazônia por meio de uma iniciativa própria em benefício do reflorestamento de toda a região.
Um ano antes, Gisele se posicionou contra o aumento de 30% no número de queimadas registradas na Amazônia, repercutindo um provérbio indígena publicado nas redes sociais. “Somente quando a última árvore for cortada, o último rio poluído, e o último peixe pescado, as pessoas irão entender que não podemos comer dinheiro”.

Anitta, a brasileira com uma sólida carreira internacional, levou às redes, também em 2019, um vídeo chamado “Brasil – Um País em Chamas”. A cantora disse na ocasião acreditar que o minidocumentário feito em parceria com o Observatório do Clima seja um bom início para “iniciar um aprendizado sobre nossa vegetação”.
“A questão é a preservação, prevenção e conscientização ambiental. Enquanto vocês discutem quem está certo e quem está errado, quem tem culpa e quem não tem…a natureza vai acabando”, escreveu em uma postagem de 2019.
Lewis Hamilton, sete vezes campeão mundial de Fórmula 1, escreveu no Instagram. “O mundo precisa se unir e ajudar”. O atleta se referia aos mais de 89 mil focos de queimadas contabilizadas no ano de 2019 no Brasil.
Demi Novato, cantora norte-americana, fez um apelo emocionante pela Amazônia quando se deparou com a floresta coberta pelo fogo. “Este é um dos ecossistemas mais importantes da Terra. Espalhe conscientização”, pediu a artista.
“Se você não é do Brasil e não sabe o que está acontecendo, aqui vai. A maior floresta tropical do mundo está em chamas, pelo 16º dia. E a mídia não está dando a mínima para isso. #PrayforAmazonia”, disse a cantora sobre a época dos incêndios.
Fotos: Ricardo Stuckert/PR e Reprodução