‘Mussum, o Filmis’ vence o Festival de Cinema de Gramado 2023

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“Mussum, o Filmis” é o grande vencedor do Festival de Cinema de Gramado 2023

Em um aceno claro para o cinema popular e o necessário diálogo entre o cinema brasileiro e o público, “Mussum, o Filmis” foi o grande vencedor do Festival de Cinema de Gramado 2023. O troféu revelou que o júri oficial valorizou a capacidade de “Mussum” mobilizar o espectador brasileiro, que anda distante não só dos cinemas na pós-pandemia como também do cinema de seu país.

Dirigido por Silvio Guindane, o longa conta a história de Antônio Carlos Bernardes, o Mussum, um dos maiores humoristas, mas também um dos grandes sambistas brasileiros para além do personagem que marcou época na TV.

“Mussum, o Filmis” conta com linguagem leve e bem humorada uma história dura, mas com final feliz, ao escolher retratar a infância humilde de Carlinhos, criado com rigor e amor por Dona Malvina, uma empregada doméstica analfabeta que lutou para que o filho e sua filha pudessem estudar, ter uma profissão e o direito e o poder de escolha.

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Ator Ailton Graça, protagonista de “Mussum, o Filmis”, vencedor do Festival de Cinema de Gramado 2023

“Mussum” levou seis prêmios do júri oficial: Melhor Filme, Melhor Ator para Ailton Graça (que vive o personagem na maturidade), Melhor Ator Coadjuvante para Yuri Marçal (que vive Mussum quando jovem), Melhor Trilha (assinada por Max de Castro), Menção Honrosa para o maquiador Martin Macias Trujillo por “Mussum, o Filmis”, além do Prêmio do Público, totalizando sete prêmios.

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco a sociedade muda. Por ser um filme de um homem preto, a gente conseguiu tirar qualquer estereótipo. Foi um grande pai, um grande filho, um grande comediante, que não morreu de cirrose. Ele morreu do coração. Ele tinha um coração grande, literalmente. A gente teve a preocupação de tirar qualquer estereótipo do homem preto”, declarou o diretor Silvio Guindane ao receber o Kikito de Melhor Filme.

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Equipe do “Mussum, o Filmis” celebra a vitória no Festival de Cinema em Gramado

“Nossa preocupação não era contar a história do Mussum, que essa todo mundo já sabe. A história do Antônio Carlos ninguém conhecia. E nem da pessoa responsável por nutrir o Mussum de sonhos, que foi a Dona Malvina, vivida lindamente por Cacau Protásio e dona Neusa. Foi uma riqueza muito grande fazer este filme. Viva o cinema brasileiro. Viva a diversidade. O mundo estava cinza com o pandemônio que estava aí. Ele voltou a ser colorido, ele voltou a ser indígena, preto, viva!”, declarou Ailton Graça, que também levou o Kikito de Melhor Ator.

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“Mussum, o Filmis” conta a história do artista alé do papel em Os Trapalhões

Mussunzinho, filho de Mussum, emocionado disse que tinha certeza que seu pai estava presente. “É muito forte. Vocês retrataram de forma perfeita. Eu vou ter o maior orgulho de sentar daqui quatro anos com meu filho Tom, de mostrar este filme a ele. Eu posso falar por meus irmãos que está lindo, está de verdade. E a gente vai sacudir uma roseira por aí ainda porque o filme do negão está lindo!”.

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“Mussum, o Filmis” retrata a vida e o estilo do artista “trapalhão”

O segundo filme mais premiado desta edição foi “Tia Virgínia”, de Fábio Meira, com seis prêmios no total. Vera Holtz ganhou o prêmio de Melhor Atriz, por “Tia Virgínia”.

A entrega dos Kikitos de Melhor Ator e Melhor Atriz foi uma atração à parte na noite. Ao subirem juntos ao palco, Vera Holtz e Ailton Graça protagonizaram um dos momentos mais divertidos da premiação. “Parabéns por você ganhar este prêmio esta noite. Você merece”, declarou Vera. “Eu que agradeço por estar a seu lado. Seu axé é muito especial. Tem duas unanimidades na TV. Tony Ramos e Vera Holtz! Vocês não têm ideia!”, completou Ailton.

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Ailton Graça é escolhido Melhor Ator por “Mussum, o Filmis” e Vera Holtz Melhor Atriz, por “Tia Virgínia”

Ailton cantou uma cantiga ao orixá Exu. “É a primeira vez que estou em Gramado, a primeira vez que estou aqui e a primeira vez que recebo um prêmio na minha vida no cinema”, declarou o ator, emocionado. “Eu não sabia o que era TV quando eu escolhi o que é ser ator. Na minha casa, eu ouvia a TV no barraco do lado. Para mim, todo mundo que estava dentro daquela caixinha era preto porque todo mundo da comunidade era preto”, contou o ator.

“Que a gente conte a história de muita gente preta no cinema. Nos deixem viver! É só isso! Dona Bernadete, é para a senhora”, finalizou.

O filme “Mais Pesado é o Céu”, de Petrus Cariri, com quatro.

Fotos: Cleiton Thiele e Edison Vara/Agência Pressphoto / divulgação