Azeites produzidos no RS, MG e SP estão na seleta relação dos melhores do mundo

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Azeites brasileiros se destacam entre os melhores do mundo

O Flos Olei 2024, um dos guias mais importantes e respeitados do mundo, que está em sua 14ª edição, selecionou 12 marcas de azeites brasileiros entre os 500 melhores do mundo em sua lista divulgada no dia 26.

Os azeites extravirgens brasileiros estão despontando em competições internacionais pelos aromas, sabores e um frescor que não são encontrados em nenhum outro lugar do mundo.

O primeiro colocado na lista brasileira é o Prosperato, produzido em Caçapava do Sul (RS), que teve a primeira safra há apenas 10 anos. O azeite gaúcho mais lembrado no RS é também o número 1 do Brasil e o primeiro colocado no guia Flos Olei 2024.

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Prosperato: o melhor brasileiro é também o primeiro colocado no guia Flos Olei 2024

“Para nós, isso é muito mais do que uma conquista, é a validação de um trabalho árduo, dedicado e apaixonado pela qualidade do nosso produto. É a confirmação de que estamos presente na sua vida, nos seus momentos especiais, nas suas refeições e nas suas memórias. É um desafio constante de superar as expectativas dos nossos clientes e de manter a confiança e fidelidade de cada um vocês. Somos gratos por isso!”, disse Rafael Marchetti, diretor da Prosperato.

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 Azeite Sabiá está na seleta relação dos melhores do mundo segundo o guia Flos Olei 2024

Já o produto das Fazendas do Azeite Sabiá, segundo colocado brasileiro, também recebeu uma outra premiação internacional em 2023. Desta vez, o italiano Lodo Guide, um dos concursos mais tradicionais de azeites de oliva extravirgem do mundo, reconheceu a brasileira como a Empresa do Ano. A marca concorreu com as prestigiadas companhias italianas: Marfuga, fundada em 1817, e Frantoi Cutrera, criada em 1906.

Lançado comercialmente em 2020, o Azeite Sabiá é produzido em duas fazendas, uma em Santo Antônio do Pinhal (SP) e a outra na Serra do Sudeste (RS). Em sua quarta safra comercial, já coleciona 86 prêmios internacionais – foram mais de 20 pódios só em 2023.

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Serra da Mantiqueira, entre SP e MG, onde são produzidos azeites extravirgens

“O azeite que acabamos produzindo é de altíssima qualidade, pois são colhidos em propriedades menores e em seu ponto de maturação ideal. Quanto mais rápido extraímos o azeite, maior a qualidade”, diz Bob Vieira da Costa, responsável pela operação da Sabiá, que possui azeites extravirgens produzidos na Serra da Mantiqueira e no Rio Grande do Sul premiados ao redor do mundo.

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Mita Fuhrmann, diretora do Verde Louro, o azeite destaque entre os melhores do mundo

O Verde Louro, que teve sua primeira colheita em 2016, já acumula mais de 80 premiações internacionais em concursos na Itália, Inglaterra, Emirados Árabes Unidos, Grécia, Israel, Estados Unidos e Japão. A mais recente foi a ITALYIOOA – International Olive Oil Awards 2023, em junho.

A diretora da empresa, Mita Fuhrmann conta que, na oportunidade, foram três distinções, a de Melhor Azeite do Mundo – junto com outros dois, um espanhol e um italiano – para a variedade Arbequina; a medalha de Ouro para a variedade Arbosana; e o melhor na categoria da variedade Koroneiki. O prêmio é uma competição italiana organizada com o objetivo de promover os melhores azeites do mundo.

Azeites brasileiros despontando em competições internacionais

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Rafael Marchetti, diretor da Prosperato, a melhor brasileira em ranking mundial de azeites
  • Prosperato (Caçapava do Sul/RS): 95 pontos
  • Sabiá (Encruzilhada do Sul/): 95 pontos
  • Verde Louro (Canguçu/RS): 93 pontos
  • Lagar H (Cachoeira do Sul/RS): 91 pontos
  • Capela de Santana (Sentinela do Sul/RS): 88 pontos
  • Estância das Oliveiras (Viamão/RS): 88 pontos
  • Capolivo (Canguçu/RS): 88 pontos
  • Bem-Te-Vi (Encruzilhada do Sul/RS): 85 pontos
  • Casa Marchio (Encruzilhada do Sul/RS): 84 pontos
  • Al-Zait (Rosário do Sul/RS): 83 pontos
  • Orfeu (São Sebastião da Grama/SP): 83 pontos
  • Verolí (Sapucaí-Mirim/MG): 83 pontos

Diferenças entre os extravirgens e virgens

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Azeite Verde Louro (Canguçu/RS): Melhor Azeite do Mundo,para a variedade Arbequina; medalha de Ouro para a variedade Arbosana e o melhor na categoria da variedade Koroneiki
  • Azeite extravirgem: de acordo com normativa do Conselho Oleícola Internacional (COI), o extravirgem é aquele que possui até 0.8% de acidez, o que lhe garante uma qualidade superior, com frescor e aroma.
  • Azeite virgem: de 0.8% a 2% de acidez o produto é considerado um azeite virgem. “Isso não faz com que ele seja pior, é que provavelmente teve uma conservação diferente, algum processo de produção que deu a ele essa qualidade não tão superior quanto um extravirgem”, explica Beloto. Ele é um bom óleo, por exemplo, para altas temperaturas, e aguenta até 270°C graus sem perder propriedades.

Ambos os azeites acima não sofrem adição de processos químicos, ou seja, não passam por um refino. 

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Estância das Oliveiras, Viamão, Rio Grande do Sul

Segundo números do Conselho Oleícola Internacional (COI), os azeites do Mediterrâneo, mundialmente famosos, carregam tradição e são responsáveis pela maior parcela da produção de toda a indústria. Além de suas paisagens arrebatadoras que seduzem milhões de turistas todos os anos, Espanha, Itália, Tunísia e Turquia estão na vanguarda deste mercado.

Mas o Brasil, mesmo com uma produção limitada e bastante inferior ao volume dos países de liderança, os azeites extravirgens do nosso país têm despontado nos principais concursos internacionais da categoria. É muito bom saber que os produtos puramente nacionais figuram em posições de prestígio ao lado dos mais conceituados produtores do mundo.

Olivicultura no Brasil

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Colheita de azeitona, Rio Grande do Sul

A olivicultura no Brasil é uma atividade relativamente recente pois a primeira extração de um azeite extravirgem 100% brasileiro ocorreu apenas em 2008, no município de Maria da Fé, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, que mantém um campo experimental de oliveiras desde a década de 1970 – as primeiras mudas da espécie chegaram à cidade junto de uma família portuguesa nos anos 1930.

Em 2009, ocorreu a primeira extração de azeite para venda comercial, realizada por produtores em Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul. Para que a cultura tenha dado certo, trabalhos de base foram feitos, adaptações das oliveiras foram acontecendo e tempo e dinheiro foram investidos.

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Azeites produzidos no RS, MG e SP estão na seleta relação dos melhores do mundo na relação divulgada pelo guia Flos Olei 2024

Os desafios de se produzir azeite e azeitona no Brasil se debruçam sobre questões climáticas e outros aprendizados, como a correção do solo, que ocorre antes mesmo da plantação.

Fazem parte da lista do guia Flos Olei 2024, fabricantes de 56 países, que receberam notas que vão de 80 a 100 pontos. Ao menos nove alcançaram a soma máxima de pontos – cinco da Itália, três da Espanha e um da Croácia.

Fotos: Willy Biondani/Divulgação, do livro “Azeite-se”/ Angelo Dal Bó e  Regiany Almeida/Unsplash