Festival de Cinema de Brasília começa com discursos políticos e maior presença feminina

O Cine Brasília foi palco da cerimônia de abertura do 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, na noite de ontem. O evento apresentado por Chico Dias e Letícia Sabatela, foi marcado por discursos políticos e a promessa de um olhar questionador, presente em mais de uma centena de filmes que serão exibidos até o dia 23.
O ator Chico Diaz defendeu a importância da luta pela democracia no Brasil e prontamente o “Lula livre”, foi entoado pela plateia. A cineasta Sabrina Fidalgo disse que “o cinema brasileiro é essencialmente machista, elitista e racista”.

A noite também teve a entrega do prêmio Leila Diniz,destinado a personalidades femininas da sétima arte. As homenageadas foram a atriz Ítala Nandi, estrela do filme Domingo e a montadora Cristina Amaral.
“É muito lindo e muito comovente. A Leila e eu éramos como irmãs gêmeas. Nós tínhamos um pensamento particular. Sempre nos propusemos a quebrar os parâmetros patriarcais, repressivos contra a mulher”, declarou a atriz Itala.
Cristina Amaral agradeceu a todas as mulheres que batalham para fazer audiovisual no Brasil. “Eu queria dedicar o prêmio a todas as mulheres que trabalham com cinema no Brasil, que se duplicam para serem mães e cineastas. Queria dividir também com os homens bacanas que fazem cinema no Brasil”, declarou Cristina.
A medalha Paulo Emílio Salles Gomes, destinada a grandes personalidades do cinema foi entregue ao crítico e acadêmico Ismail Xavier e o arquivista Walter Mello, um dos criadores do festival nos anos 1960. O prêmio foi entregue pelo secretário de Cultura, Guilherme Reis, que agradeceu o governo Rollemberg pelo apoio a cultura no DF.
O governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg e a primeira-dama Márcia Rollemberg participaram da cerimônia de abertura junto com outros colaboradores do governo. Nas redes sociais Rollemberg disse: “O Festival é um ponto de encontro da cultura. Nós queremos reafirmar o nosso compromisso com a cultura como instrumento de construção de uma cidade feliz, mais generosa. Ao mesmo tempo, queremos também promover a economia criativa, com geração de oportunidades e de empregos”.

O Troféu Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo foi entregue à cineasta e professora Dácia Ibiapina, que dedicou o prêmio aos professores e alunos da UnB. Tanto o curta-metragem Imaginário, de Cristiano Burlan, quanto o longa-metragem Domingo de Clara Linhart e Fellipe Barbosa, exibido durante a abertura, olham para nosso passado político na intenção de tirar conclusões sobre o presente. Estes filmes sobre a ditadura militar e a posse de Lula ajudam a pensar o Brasil de hoje.
O filme Domingo adota um olhar leve e cômico ao momento em que Lula se tornou presidente pela primeira vez. Os efeitos desta transformação são percebidos numa família burguesa, que não pretende se desfazer de seus privilégios. “Quando os sem-terra chegarem aqui, eu vou assistir tudo de camarote. Isso aqui é terra improdutiva!”, brinca a personagem interpretada por Camila Morgado.
A mostra competitiva começa neste dia 15 com os longas-metragens Torre das Donzelas, sobre a prisão de Dilma Rousseff durante a ditadura militar, e Los Silencios, retrato de uma comunidade pobre na fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Os primeiros curtas-metragens em competição serão Boca de Loba, sobre o assédio de mulheres nas ruas, e Kairo, história do dilema de uma assistente social para ajudar uma criança de nove anos de idade.

