Brasília perde o último membro da equipe do presidente JK

É com pesar que registro o falecimento do Coronel Affonso Heliodoro dos Santos, aos 102 anos, ocorrido na manhã de hoje em Belo Horizonte. Ele estava internado em Minas Gerais desde 5ª feira, quando sofreu infarto. Affonso Heliodoro era a memória viva de Juscelino Kubitschek, o fundador de Brasília, de quem era amigo leal e secretário exemplar.

O velório do pioneiro dos pioneiros da capital federal será no domingo no Cemitério da Colina, em Belo Horizonte, a partir das 8 horas. Depois o corpo será cremado.Coronel Heliodoro era viúvo de Conceição (Sãozita), deixa três filhos, 12 netos e seis bisnetos. Nossos sentimentos a família e nossos agradecimentos pelo seu trabalho e sua lealdade à JK.

O governador Rodrigo Rollemberg decretou luto oficial de três dias. “Brasília perdeu hoje um dos seus maiores pioneiros, um homem que escreveu a história da cidade com amor e muita garra. Tive o privilégio de conhecê-lo e me tornar seu amigo pessoal e poder ouvir dele relatos da fantástica jornada de construção de Brasília. Com ele, aprendi muito sobre como servir à população, como se dedicar ao bem estar público e superar as adversidades”, afirmou, em nota oficial o governador Rodrigo Rollemberg.

O mineiro de Diamantina, mesma cidade natal de JK, foi aluno de Júlia Kubitschek, mãe de Juscelino e aos 17 anos ingressou na Força Pública. Era formado em Direito, pela antiga Faculdade Nacional do Rio de Janeiro. Ele esteve do lado do então presidente em 1956 quando da visita ao local onde seria construída a nova capital.

Um homem firme, determinado e bem-humorado que dedicou sua vida a Brasília e ao país. Nos anos de exílio de JK, Affonso Heliodoro esteve com o amigo em Paris. De volta a Brasília, o Coronel Affonso liderou a criação do Memorial JK, em 1981, o qual comandou até 1997. Ele 1998 recebeu o título de cidadão honorário de Brasília. Fundou e presidiu o Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal até 2016, quando completou 100 anos de idade.

Tive a honra de entrevistar por inúmeras ocasiões o Coronel Heliodoro, história viva de Brasília e do Brasil. Era uma biblioteca ambulante. Sabia datas, nomes e locais da história da fundação de Brasília, na ponta da língua. Sempre educado, gentil e bem-humorado, conversava com a imprensa tranquilamente. Uma companhia muito agradável.

O guardião da memória de JK e da construção de Brasília, coronel da Reserva da Polícia Militar de Minas Gerais, bacharel em Direito pela antiga Faculdade Nacional de Direito, do Rio de Janeiro, Affonso Heliodoro, era membro de várias academias de Letras e importante figura pública de Brasília. Ele colaborava na divulgação e na preservação, também em nível internacional, da memória de JK e do Brasil contemporâneo.

Affonso Heliodoro dos Santos era também poeta, escritor, pintor, gestor e um homem de bem. Das obras publicadas destaque para: JK – de Diamantina ao Memorial; JK Exemplo e Desafio; Rua da Glória – histórias de um menino; O Memorial JK – um monumento e centro de cultura; Luas de minha caminhada; e O dragão da lua e a ninfa Sirinx.
Hoje Affonso Heliodoro nos deixou. Foi encontrar com o seu amigo/irmão Juscelino Kubitschek. Obrigada pelos ensinamentos, grande mestre. Vá em paz. Sua missão na Terra foi brilhante. Agora vai brilhar no Universo.