Rubótica com sucata coloca brasileira no top 10 de professores do mundo

A professora de Língua Portuguesa, Débora Garofalo, da Escola Municipal Ensino Fundamental Almirante Ary Parreira, na Vila Babilônia, zona sul, de São Paulo, é finalista no Global Teacher Prize 2019, prêmio internacional que reconhece métodos inovadores e criativos para lecionar.
O trabalho de Débora foi reconhecido entre mais de 10 mil candidatos de 179 países. Em suas aulas com estudantes de 6 a 14 anos, a professora usa material de sucata e busca fomentar o protagonismo do aluno a partir da aprendizagem criativa, das experiências e conhecimentos prévios dos alunos e do uso reflexivo das tecnologias.

Débora Garofalo está entre os 10 melhores professores do mundo e vai a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, daqui um mês, no dia 24 de março, para a cerimônia de anúncio do vencedor do Global Teacher Prize, prêmio de US$ 1 milhão concedido pela Varkey Foundation. Débora é a primeira mulher brasileira a chegar à final do Global Teacher Prize 2019.
A divulgação do Top 10 foi feita na quarta-feira (20) pelo ator australiano Hugh Jackman, famoso pelo trabalho como Wolverine nos filmes dos X-Men. Jackman comparou professores a super-heróis: “Quando era criança, havia muitos super-heróis que eu queria ser. Mas posso dizer agora, de onde estou, com toda a minha experiência, que os verdadeiros super-heróis são professores, são eles que mudam o mundo”.
Débora comemorou em sua página no Facebook: “Uma alegria imensa (em lágrimas de felicidades). Em questão de segundo um filme pela cabeça, um trabalho intenso de anos, em uma das maiores comunidades de São Paulo e o ensino de programação e Robótica consolidado, pautado em uma educação humanizadora e sustentável, que permite pelo protagonismo que os alunos intervenha na comunidade e na sociedade. Um caminho para alavancar a aprendizagem, permitindo que a experimentação e o mão na massa invadam as salas de aula do mundo. Uma grande responsabilidade, ser a primeira mulher brasileira e sul-americana a estar na final, rompendo alguns tabus e mais do que isso, mostrar que temos de valorizar os professores e oportunizar que participem das políticas públicas. O caminho está só começando, gratidão por tanto carinho, pela minha linda família, aos meus queridos alunos e ex alunos (vocês são minha essência), aos pais, a comunidade, a gestão e aos professores do Ary, a todos meus amigos, ao querido Jayse Antonio que nos inspira tanto e aos top 50 professores incríveis. Seguimos!
.“A lição de casa é começar a valorizar os professores, é começar a envolver esses professores nas políticas públicas, mas o prêmio é também a quebra de muitos paradigmas, principalmente pra mim que sou mulher, sou a primeira mulher a estar nessa final pelo Brasil. E se a gente pensar que a proporção de professoras é muito maior do que a de professores é uma grande quebra de tabu”, declarou a brasileira que está entre os 10 melhores professores do mundo.
Desde o início do projeto, em 2015, mais de uma tonelada de materiais recicláveis foram retirados das ruas da cidade e transformados em protótipos. Jovens de 6 a 14 anos aprendem sobre montagem de motor, circuitos e programação para, então, terem autonomia e pensarem no que gostariam de construir.
Já foram construídos brinquedos, um pequeno semáforo, uma máquina de refrigerante, robôs, barata e aranha robóticas, além de soluções para questões práticas da vida.
A professora conta que um aluno criou uma casa sustentável. “Uma réplica da casa dele, mas totalmente sustentável, com energia solar, usando placas programáveis, para ligar e desligar a luz em horários determinados para economizar energia. A gente vê que nasce um pouco de tudo, inclusive soluções para o dia a dia”, disse a professora Débora.
Ela conta que o projeto de robótica com sucata nasceu da vontade de transformar a vida das crianças da periferia da cidade de São Paulo. “Eu sempre acreditei, como professora, que a educação só faz sentido se ela puder ser significativa e se ela puder ter esse caráter transformador”, conta Débora.

A professora diz que uma das lições do projeto é pensar em uma escola que não só produza mais conhecimento, mas que comece a contribuir com soluções locais.“O foco do nosso trabalho realmente é um trabalho sustentável, não é só ensinar robótica, é mostrar que a gente pode intervir nessa sociedade transformando esse material, reciclando, reutilizando”.

“Quando a gente pensa no ensino de robótica, todo mundo fala ‘precisa ter altos recursos para trabalhar robótica’ e a gente quis também desmitificar isso, porque a robótica nada mais é do que você encontrar soluções, então trabalhar de forma sustentável foi uma das nossas soluções”, afirma Débora Garófalo.
A professora Débora Garofalo é um exemplo da valorização da diversidade. Um orgulho para a educação e mais uma prova da importância dos professores para reduzir a evasão escolar, melhor a comunidade e preservar o meio ambiente.