Letícia Curado, a advogada que teve a vida ceifada em crime bárbaro, ganha Missa da Saudade
Familiares e amigos da advogada Letícia Sousa Curado, vestidos de camiseta branca, se reuniram ontem à noite na Paróquia São Sebastião, em Planaltina, para a missa da saudade. A celebração conduzida pelo padre Paulo Renato,foi comovente e as pessoas mais próximas não conseguiam conter a dor pela perda da filha, esposa, amiga e colega de tralho que teve a vida ceifada em crime bárbaro, deixa todas nós mulheres desoladas.
Eu que sou advogada e jornalista e que prestigio a entrega de carteiras para as novas colegas, estou de luto, desde que Letícia foi encontrada sem vida, na segunda-feira. Algumas notícias são muito difíceis e soam inacreditáveis. Foi assim quando tive de noticiar a barbaridade praticada contra uma pessoa cheia de vida e com um promissor futuro pela frente. Leva um tempo para a gente aceitar e até escrever sobre a tragédia.
Quando Letícia Sousa Curado Melo recebeu sua carteira da OAB/DF no dia 13 de maio deste ano, irradiava felicidade pelo momento especial de sua vida e também por ter sido aprovada em primeiro lugar em dois concursos públicos: para analista judiciário do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e também para o Ministério Público da União (MPU).
A beleza dela e a elegância de ser, escondiam uma deficiência visual que a impedia de ter carteira de motorista.Imagina então a dificuldade para se formar em Direito e prestar concurso público. Nada era obstáculo para Letícia desistir do que queria.Nunca jogou a toalha porque sabia que estava no caminho certo.Enquanto aguardava para ser convocada pelo STJ ou MPU, cursava, no período noturno, o primeiro ano de pós-graduação na Escola Superior do Ministério Público da União.
Após receber a Carteira de Advogada, das mãos do presidente Délio Lins e Silva Junior, na cerimônia na seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, disse que aquele era um momento especial porque foi difícil chegar até ali.
“Este momento representa, talvez, o degrau mais alto para um sonho: trabalhar como defensora. Foi difícil chegar até aqui. Estou muito emocionada”, disse a nova advogada Letícia Curado. Uma jovem cheia de força de vontade, de otimismo, de coragem, de sonhos e com futuro promissor.
Letícia foi criada pela mãe, a advogada Kênia Pereira de Sousa, por quem demonstrava nas redes sociais toda a sua gratidão. “A responsável pelo que sou. Hoje é Dia dos Pais, mas ela foi pai e mãe! Então, honrai pai e mãe – e as ‘pães’! Quando se trata de amor, temos de sobra! Que Deus nos conserve assim! Eu te amo! Eternamente grata pela mãe maravilhosa que você é”, escreveu no Instagram, no dia 12 de maio.
Letícia era mãe de um menino de 3 anos, do seu casamento com Kaio Fonseca. A mãe dedicada fazia declarações de amor ao filho no seu Instagram. “Meus traços nos seus traços, seu tipo sanguíneo igual ao meu, seu coração já esteve dentro de mim, éramos unidos por um cordão, toda a ciência e biologia nunca explicará a perfeição de Deus! Presente que Deus me concedeu, ter, viver e aprender. Ser mãe do ‘homem de Deus que é senhor do lar’ significa milagre!”.
O assassinato de Letícia, uma filha amorosa, mãe dedicada e mulher valente, deixa um vazio no coração de centenas de pessoas e uma dor inexplicável para a família.
Letícia Sousa Curado Melo prestava assessoria jurídica,como terceirizada no Ministério da Educação e, segundo seus colegas, era muito dedicada e profissional. Como fazia todos os dias saiu cedo para trabalhar mas a violência e a crueldade interromperam seu caminho.
A brutalidade tirou a vida da promissora advogada e dilacerou, também o coração de uma mãe e deixa órfão um inocente de 3 anos. Letícia disse não a um assédio sexual e isso bastou para que ela fosse assassinada.
Até quando as mulheres vão continuar morrendo por serem mulheres?
Lamento profundamente que uma colega advogada, tenha sido vítima de violência de gênero em nosso país. Que o autor dessa barbárie seja punido de forma exemplar.