Sexta-Feira Santa: Dia de Adorar a Cruz

O dia de hoje é de silêncio e de adoração à Jesus Crucificado. A Cruz está presente na vida de todos os cristãos desde a purificação do pecado no Batismo, absolvição do Sacramento da Reconciliação, até o último momento da vida terrena com a Unção dos enfermos. Nesta Sexta-feira Santa somos convidados a adorar a Cruz para o dom da salvação que conseguimos através da sua vinda.
Nesta ano durante a liturgia os fiéis não tocarão a Cruz, não a beijarão, não estarão presentes nas igrejas por causa da pandemia do coronavírus, mas como pediu Francisco vamos abrir o coração na oração: “Nos fará bem olhar o crucifixo em silêncio e ver quem é o nosso Senhor: é Aquele que não aponta o dedo contra ninguém, mas abre os braços para todos”, disse o pontífice.
Nossa vida pode se confundir com a cruz de Jesus em muitos momentos, mas diante dela temos a certeza que não estamos sós, que Jesus caminha conosco em nossa via sacra pessoal e, para além da dor, existe a salvação. Ao beijar a Santa Cruz, podemos ter a plena certeza: Jesus não é simplesmente um mestre de como viver bem esta vida, como muitos se propõem, mas o Deus vivo e operante em nosso meio.
O Papa Francisco presidiu a celebração da Paixão de Cristo na tarde desta sexta-feira, 10, na Basílica de São Pedro. Mas, como é tradição desta celebração, a homilia foi feita pelo pregador da Casa Pontifícia, atualmente o padre capuchinho Raniero Cantalamessa.
Em sua meditação, ele associou elementos da Paixão e Morte de Cristo à atual pandemia da Covid-19, causada pelo novo coronavírus. Conforme o pregador, a morte de Jesus Cristo na cruz remete à situação dramática que a humanidade está vivendo. “Também aqui, mais do que para as causas, devemos olhar para os efeitos. Não apenas os negativos, dos quais ouvimos todo dia as tristes manchetes, mas também os positivos, que somente uma observação mais atenta nos ajudar a colher”, disse Cantalamessa.

E falou sobre a companhia de Deus num momento de sofrimento para a humanidade.“A pandemia do coronavírus nos despertou bruscamente do perigo maior que os indivíduos e a humanidade sempre correram, aquele da ilusão de onipotência. Bastou o menor e mais informe elemento da natureza, um vírus, para nos recordar que somos mortais, e que o poderio militar e a tecnologia não bastam para nos salvar”, disse Cantalamessa.
O padre afirmou que a unidade entre os povos pode ser um dos resultados positivos dessa pandemia, ainda que ela seja indesejada. “O outro fruto positivo da presente crise de saúde é o sentimento de solidariedade. Quando foi, desde que há memória, que os homens de todas as nações se sentiram tão unidos, tão iguais, tão pouco contenciosos, como neste momento de dor?”, disse.
O pregador pediu que seja mantido esse espírito de união coletiva quando a pandemia passar. “Nós esquecemos os muros que seriam construídos. O vírus não conhece fronteiras. Em um segundo, abateu todas as barreiras e as distinções: de raça, de religião, de censo, de poder. Não devemos voltar atrás quando este momento tiver passado.”
No momento da adoração da Cruz, somente o Papa beijou crucifixo para prevenir a disseminação da Covid-19. Por causa das limitações causadas pela crise sanitária, as cerimônias vêm sendo realizadas no “altar da cátedra”, que fica no fundo da Basílica, somente com alguns moradores do Vaticano e poucos auxiliares. Mas o Tríduo do Papa vem sendo transmitido pelos meios de comunicação para o mundo inteiro.
Hoje as igrejas estão silenciosas. Ajoelhamo-nos em casa, para simbolizar a humilhação do homem terreno e a coparticipação ao sofrimento do Senhor. Este é um dia de contemplação do amor de Deus que chega para sacrificar o próprio Filho, verdadeiro Cordeiro pascal, para a salvação da humanidade.
Embora estejamos passando por momentos de exaustão, ansiedade, sofrimento, perdas, indecisão,tristeza, medo, preocupação, não vamos deixar que estes tempos difíceis abalem nossa fé e esperança. Busquemos mergulhar no silêncio e no amor de Cristo para nos fortalecermos.
Olhemos para a Paixão de Cristo e contemplemos a paixão que muitos sofrem nesta vida. A paixão dos doentes, a paixão da pobreza extrema, a paixão da solidão e do abandono. Muitas lições podemos tirar da cruz, a primeira delas é o AMOR.
O maior “Eu Te Amo” da história foi dito em silêncio em uma cruz, para provar que o amor verdadeiro é vivido, e não falado.