Vírus da parainfluenza 5 pode combater coronavírus, diz estudo

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Cientistas de todo o mundo estão empenhados em desenvolver vacinas ou remédios que possam ser utilizados para tratar a Covid-19. Um estudo realizado pela Sociedade Americana de Microbiologia, nos Estados Unidos, aponta que vírus da parainfluenza 5 pode ser útil em tratamentos contra o novo coronavírus.

O estudo clínico indica uma abordagem com laser para encontrar uma estratégia para combater o vírus SARS-Cov-2. O método consiste em adicionar um gene extra a um vírus de RNA, que é o vírus da parainfluenza 5 – PIV5. Esse vírus é responsável por causar crises de tosse em cães, mas é, até então, inofensivo para seres humanos.  Esta  abordagem foi utilizada, pela primeira vez, durante o surto da Síndrome Respiratória do Oriente Médio, MERS, em 2012.

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Com a adição do gene, os pesquisadores da Universidade de Iowa, liderados por Paul McCray e Biao He, perceberam que as células infectadas produziram a glicoproteína S, que é presente no organismo de quem foi infectado pela MERS. Para testar a vacina, Paul McCray criou um modelo de camundongo que consegue imitar infecções de seres humanos. Tendo como base os animais geneticamente modificados, foi possível usar a proteína para entrar nas células humanas.

Quatro semanas após os ratos terem recebido a vacina por via intranasal, os cientistas os expuseram a uma cepa do vírus da MERS, que foi adaptada para causar uma infecção letal. Os animais foram divididos em dois grupos: os que foram vacinados com os genes da proteína S – que deixa o MERS inativo -, e os que receberam a vacina sem os genes.

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Os que receberam a vacina com o gene conseguiram sobreviver, enquanto os que receberam a vacina com o MERS ativo acabaram morrendo. Sendo assim, apenas 25% dos ratos de laboratório sobrevivem a infecção letal – os que não morreram apresentaram níveis acima da média de eosinófilos e glóbulos brancos, que representam infecção ou inflamação.

A vacina desenvolvida inicialmente para a Mers,  doença provocada por um coronavírus “primo” do Sars-Cov-2, conseguiu proteger ratos de uma dose letal da síndrome respiratória do Oriente Médio. Em um artigo publicado na revista mBio, pesquisadores da Universidade de Iowa e da Universidade da Geórgia disseram que, embora ainda na fase inicial, o estudo é promissor para proteger contra o causador da Covid-19.

Vírus da parainfluenza 5 pode combater coronavírus - Bernadete Alves

“Nosso estudo indica que o PIV5 pode ser uma plataforma útil de vacina para doenças causadas por coronavírus, incluindo o Sars-Cov-2, que causa a pandemia de Covid-19”, diz McCray, professor de pediatria da Universidade de Iowa. Usando a mesma estratégia, foram geradas candidatas à vacina também à base do PIV5 que expressam a proteína spike do Sars-Cov-2. “Estamos planejando mais estudos em animais para testar a capacidade dessas substâncias na prevenção de Covid-19”, completa o cientista.

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Paul McCray diz que esse é o início de vários testes com vírus: “Estamos bastante interessados ​​em usar vírus como veículos de entrega de genes”, que adicionou que investigou estratégias similares para tratar pacientes do novo coronavírus, e que pretende continuar utilizando camundongos geneticamente modificados.

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Segundo McCray os cientistas estão correndo contra o tempo para desenvolver uma vacina eficaz: “Cem por cento da população não será exposta ao vírus na primeira vez, o que significa que haverá mais pessoas para infectar quando voltar. Ainda não sabemos se as pessoas têm imunidade duradoura contra a infecção por SARS-CoV-2, por isso é importante pensar em maneiras de proteger a população. Encontrar uma vacina eficaz contra o coronavírus que causa a Covid-19 é uma corrida contra o tempo”, diz o cientista McCray.