O legado cultural e social de Ricardo Brennand

O Brasil perdeu no dia 25 um dos empresários mais bem sucedidos, colecionador incansável e desbravador social, Ricardo Brennand, aos 92 anos, vitima da Covid-19. Brennand deixa a esposa Graça e oito filhos, além de 23 netos, 48 bisnetos e uma tataraneta. O corpo do colecionador de arte, engenheiro e empresário, de Ricardo Brennand, foi cremado no Cemitério Memorial Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife.

Ricardo Brennand nasceu no município do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, se formou em engenharia e criou grandes indústrias: de aço, cimento, vidro e açúcar. Com perfil determinado e obstinado de um grande empresário e incentivador das artes, criou o Instituto Ricardo Brennand, na Várzea, um dos pontos turísticos mais visitados do Estado de Pernambuco.

O castelo, conhecido internacionalmente, foi construído pra abrigar a coleção de mais de 5 mil armas brancas de todos os continentes. Entre elas, estão espadas, armaduras, miniaturas, canhões, chaves, relógios e armas modernas automáticas.
A paixão pelo colecionismo começou ainda na infância, quando ganhou um canivete de seu pai. O objeto está em exposição no museu e reflete o caráter afetivo que permeia o gigantesco acervo cuidadosamente adquirido por Ricardo Brennand a partir da década de 1940.

Formado pelo Museu Castelo São João, inspirado na arquitetura medieval europeia, pela Pinacoteca e pela Galeria de Exposições Temporárias, além de contar com uma concorrida capela onde são realizados casamentos, o espaço guarda um precioso acervo de obras de artes, além de uma das maiores coleções de armas brancas do mundo. O espaço conta com objetos variados, como tapeçarias, mobiliários e artes decorativas, de diferentes culturas do mundo, como de países do Oriente Médio e da Ásia.

Localizado em uma área de mais de 77 mil metros quadrados, é uma espécie de portal para um outro tempo. O espaço inaugurado em setembro de 2002 ocupa as terras onde funcionou o engenho São João e é cercado por mata atlântica.
A história do Brasil está representada nas obras de arte adquiridas por Ricardo Brennand e expostas no instituto, com trabalhos de Nicolas-Antoine Taunay, Jean-Baptiste Debret, Johann Moritz Rugendas, Nicola Antonio Facchinetti, Eliseu Visconti, entre outros.

Entre os objetos de maior valor afetivo para os pernambucanos está a coleção voltada para o período da ocupação holandesa no estado (1630 – 1654). Com a maior coleção privada de obras de Franz Post, além de pinturas e gravuras de outros artistas contratados pela Companhia das Índias Ocidentais, o acervo conta ainda com cartas de Maurício de Nassau, Dom João IV, além de moedas da época e outros artefatos.
Brennand não via nada feio, para ele bastava um pouco de amor e tudo e tudo se tornava belo, dizem os amigos. Ajudou várias instituições no anonimato como o Instituto do Fígado e Transplantes de Pernambuco -IFP, instituição privada sem fins lucrativos destinada ao atendimento dos pacientes do SUS.

Religioso e amoroso, Ricardo Brennand construiu a Igreja de Nossa Senhora das Graças em estilo gótico, para a esposa Graça.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, disse em nota que a morte de Ricardo Brennand “deixa uma lacuna irreparável na história de Pernambuco, não apenas pelo seu espírito empreendedor, sempre preocupado com o desenvolvimento econômico do nosso estado, mas também no âmbito social e cultural”. “Neste momento de profundo pesar, quero externar minha solidariedade a sua esposa D. Graça, aos seus filhos e demais familiares e amigos”.

O prefeito do Recife, Geraldo Julio, decretou luto de três dias pela morte de Ricardo Brennand e lembrou que, em 2017, o empresário recebeu a Medalha do Mérito Capibaribe, a mais alta honraria concedida pela prefeitura da capital pernambucana. Em nota disse: “Ricardo Brennand foi um empreendedor de grande sucesso, um colecionador incomparável e um ser humano admirável. Pessoa amável, atenciosa e muito querida. Fará muita falta. Um homem de gestos largos com as pessoas e com a cidade. Minha solidariedade à família e aos amigos”.