Secura em Brasília alimenta queimadas e causa danos a saúde

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O Distrito Federal tem apresentado baixa umidade relativa do ar e temperaturas elevadas desde o início do inverno. Este estado de alerta declarado e oscilação recorde de temperatura tem causado desconforto para o brasiliense e problemas de saúde.

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Secura modifica paisagem em Brasília

Boletins de temperatura e umidade do ar do Instituto Brasília Ambiental, divulgados mensalmente para conhecimento da população, revelam que agosto, nos últimos dez anos, é o mês mais quente do ano. O analista do Ibram e meterologista, Carlos Rocha, um dos responsáveis pelos cadernos lançados pelo Instituto, diz que a época é crítica para as pessoas e para a natureza.

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O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal tem atendido, em média, a 50 ocorrências de incêndio florestal por dia. Segundo o capitão Bastos, supervisor Ambiental do Corpo de Bombeiros,“a maioria é causada por queima irregular, como a de lixo, restos de folhas e tocos de cigarro”.

Até o fim do mês de julho, 3.172 solicitações de atendimento de incêndios florestais foram registradas. O tenente coronel José Genilson dos Santos, comandante do Grupamento de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, explica que, embora o número de ocorrências seja menor do que no mesmo período do ano passado, o estrago causado pelo fogo em 2020 é maior. “Até 31 de julho do ano passado foi registrada uma área queimada de 3.035,60 hectares e até a mesma data deste ano a área queimada foi de 3.418,54 hectares.

No dia 11 de agosto um incêndio florestal consumiu  218 hectares de área de treinamento da Marinha. A região atingida pelas chamas é equivalente a 235 campos de futebol. A tendência é de que os focos de incêndio aumentem conforme a intensidade do calor — com pico neste mês de setembro e a ação humana é a maior causa de queimadas.

No sábado dia 5 de setembro, um incêndio destruiu 39 hectares da Floresta Nacional de Brasília e no domingo, dia 06, um incêndio de grandes proporções aconteceu no Centro Olímpico da Universidade de Brasília (UnB), na Asa Norte. Felizmente ninguém se feriu.

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Bombeiro combatendo incêndio florestal no DF

O comandante explica que casos de incêndio com combustão espontânea existem, mas são raros. Normalmente, a ação humana é a maior causa das queimadas “De fato, existem incêndios acidentais, provocados por fagulhas de máquinas e grandes veículos, rompimento de redes elétricas e raios, entretanto o ser humano é, de fato, o principal causador de incêndios florestais”, explicou tenente coronel José Genilson dos Santos.

O militar lembra que a prática de colocar fogo em lixo, folhas ou provocar qualquer outro tipo de incêndio em área urbana é crime ambiental. Há exceções somente nos casos autorizados pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram). A pena para quem for flagrado colocando fogo na vegetação é de multa ou prisão de até cinco anos a depender da gravidade.

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Secura em Brasília alimenta queimadas e causa danos a saúde

O número de incêndios florestais aumenta consideravelmente nos meses de agosto e setembro, quando o DF passa pela fase mais crítica do período de estiagem.  É nesse período que o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) se mobiliza em vários atendimentos. São 237 militares e 33 viaturas destinados a atendimentos emergenciais.

Somente entre os dias 1º e 8 deste mês de setembro, a corporação atendeu 270 ocorrências. Já no acumulado de janeiro ao início de setembro, foram registradas 4957 ocorrências relacionadas a fogo, com áreas queimadas equivalentes a 13.326 hectares. Em todo o ano passado, esses registros apontam 10.273 ocorrências e 16.177 de áreas queimadas.

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O comandante do Gepram alerta ainda sobre os cuidados com a fumaça durante o incêndio, mesmo que esteja controlado. “A fumaça tóxica pode prejudicar a saúde, principalmente daqueles que já têm algum problema respiratório, como asma”, frisa. “É importante, caso sinta o cheiro ou aviste um incêndio, fechar as janelas e ventilar a casa, para melhorar o ar interno. Somente se deve permanecer no interior da residência se as chamas não estiverem próximas e não oferecerem riscos”.

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Secura em Brasília alimenta queimadas e causa danos a saúde

A participação da população é importante no combate às queimadas. As orientações para evitar incêndios são:

  • Não atear fogo para limpeza de terrenos, lixo ou resto de podas de árvores.
  • Após fumar, apagar o cigarro e descartá-lo em local adequado.
  • Ao identificar um incêndio, procurar um local seguro, distante do fogo e da fumaça. Ligar para o 193 e indicar o local exato do incêndio, se possível, com pontos de referência.

O professor e pesquisador da UnB, o geógrafo Rafael Franca explica que o bioma cerrado favorece a amplitude térmica e em tempos de seca há um aumento na pressão atmosférica. Ele lembra que tivemos um aumento de 1 grau na temperatura do planeta.  “Na região oeste do Estados Unidos, por exemplo, observamos um estado em que um dia a temperatura alcançou quase quarenta graus e no outro nevou”, exalta Franca.

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Parque da Cidade em tempos de secura e baixa umidade relativa do ar

Na sexta-feira, 11 de setembro, Dia do Cerrado,os termômetros registraram o dia mais quente do ano, com índice de umidade relativa do ar de 10%. Com a situação crítica, a Defesa Civil emitiu sinal de alerta na capital da República. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), na Ponte Alta do Gama a temperatura máxima chegou a 33,1°C e, na área central de Brasília, a 31,3°C.

Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia, neste sábado (12), as temperaturas variam entre 18° e 30º e a umidade entre 40% e 15%. No domingo, 15° e 30º e 70% e 20% de umidade. Conforme o subsecretário da Defesa Civil, coronel Alan Alexandre Araújo, a tendência é de que o índice permaneça baixo até a chegada da chamada “chuva do caju”.

Estudos comprovam que o plantio de árvores, a vegetação em abundância e o não às queimadas são medidas importantes para enfrentar o aquecimento, que é também global. Nesse caso, Governo do Distrito Federal tem investido.

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Gramado se transforma em tapete de folhas e flores

Segundo a Novacap, de janeiro até o momento foram plantadas 35 mil árvores em todas as regiões administrativas. Raimundo Silva, chefe do Departamento de Parques e Jardins (DPJ) da Novacap, diz que se não fosse a arborização, Brasília seria um deserto. “Temos aqui um clima de deserto, com temperaturas que variam de 14° a 35º em um mesmo dia. A floresta urbana que temos é benéfica e amplia a sensação de unidade”, afirma o chefe da DPJ.

O chefe de Parques e jardins afirma que a meta do GDF é plantar mais 120 mil mudas até o início de 2021 em todo o Distrito Federal.

O engenheiro agrônomo da Emater, Sumar Magalhães, diz que as árvores são eficientes na regulação climática. “Deixam o ar mais úmido, trazem a sombra e são fundamentais nesse controle da temperatura”.

O Distrito Federal tem aproximadamente 5 milhões de árvores, um recorde em todo o país.