‘Saudade do Futuro’ é o ganhador do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro 2021

A cerimônia de encerramento da 54ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, na noite de 14 de dezembro, apresentada pelos atores Murilo Rosa e Maria Paula Fidalgo, consagrou o filme ‘Saudade do Futuro’ como o grande vencedor do prêmio de Melhor Longa-Metragem pelo Júri Oficial.
A obra, dirigida por Anna Azevedo, mostra a relação entre Portugal, Brasil e Cabo Verde e revela personagens marcados por ausências produzidas por eventos que transformaram a história desses países, como o fascismo, a colonização, a escravidão e as ditaduras.

Brasiliense ‘Acaso’, de Luis Jungmann Girafa, foi laureado com o prêmio de Melhor Longa-Metragem pelo Júri Oficial, na Mostra Brasília; e de Melhor Montagem, na Mostra Nacional.
Depois de uma semana de debates, oficinas e seminários a 54ª edição do Fest Brasília, o festival de cinema mais longevo do país, sediado no histórico Cine Brasília na Asa Sul, mostra que em plena pandemia consegue cumprir seu papel com êxito.
Longas-metragens vencedores da Mostra Competitiva Nacional

Seis longas foram escolhidos para concorrer na Mostra Competitiva Nacional, sendo quatro ficções e dois documentários, da Bahia, do Distrito Federal, de Goiás, de Minas Gerais, de São Paulo e do Rio de Janeiro, dentre os 985 filmes inscritos 54ª edição do Festival.
O filme ‘Ela e Eu’ (SP), de Gustavo Rosa de Moura, ganhou três Candangos: Melhor Atriz para Andréa Beltrão, Melhor Ator, para Eduardo Moscovis; e o de Melhor Roteiro.
‘De Onde Viemos, Para Onde Vamos’ (GO), de Rochane Torres que deflagra resistência e conflitos de identidade do povo Iny, levou Melhor Som e Melhor Filme Com Temática Afirmativa, além de menção honrosa da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).
Longas vencedores da Mostra Competitiva

Melhor Longa-Metragem pelo Júri Oficial: ‘Saudade do Futuro’ (RJ) , de Anna Azevedo
Melhor Longa-Metragem pelo Júri Popular: ‘Alice dos Anjos’ (BA), de Daniel Leite Almeida
Melhor Direção: Daniel Leite Almeida, por ‘Alice dos Anjos’ (BA)
Melhor Atriz: Andréa Beltrão, por ‘Ela e Eu’ (SP)
Melhor Ator: Eduardo Moscovis, por ‘Ela e Eu’ (SP)
Melhor Fotografia: Bruno Risas, por ‘Lavra’ (MG)
Melhor Roteiro: Gustavo Rosa de Moura, Leonardo Levis e Andréa Beltrão, por ‘Ela e Eu’ (SP)
Melhor Direção de Arte: Luciana Buarque, por ‘Alice dos Anjos’ (BA)
Melhor Montagem: Juana Salama, por ‘Acaso’ (DF)
Melhor Som: Paulo Gonçalves, por ‘De Onde Viemos, Para Onde Vamos’ (GO)
Melhor Caracterização (Maquiagem): Claudia Riston, por ‘Alice dos Anjos’ (BA)
Melhor Caracterização (Figurino): Lívia Liu, por ‘Alice dos Anjos’ (BA)
Melhor Filme com Temática Afirmativa: ‘De Onde Viemos, Para Onde Vamos’ (GO), de Rochane Torres
Menção honrosa do Júri: ‘Lavra’ (MG), de Lucas Bambozzi
Curtas-metragens vencedores da Mostra Competitiva Nacional
Nove ficções e três documentários disputavam os Candangos. Cinco de São Paulo, duas do Distrito Federal, uma da Paraíba, do Amazonas, do Rio Grande do Sul, do Paraná e de Pernambuco.
O Curta ‘Chão de Fábrica’ (SP), de Nina Kopko, que retrata a convivência de operárias em São Bernardo do Campo nos anos 1979, conquistou cinco Candangos – o de Melhor Curta pelo Júri Oficial, Melhor Direção, Melhor Atriz, Melhor Montagem e Melhor Figurino.
Vencedores da Mostra Competitiva

Melhor Curta-Metragem pelo Júri Oficial: ‘Chão de Fábrica’ (SP), de Nina Kopko
Melhor Curta-Metragem pelo Júri Popular: ‘Da Boca da Noite à Barra do Dia’ (PE), de Tiago Delácio
Melhor Direção: Nina Kopko, por ‘Chão de Fábrica’ (SP)
Melhor Atriz: Joana Castro, por ‘Chão de Fábrica’ (SP)
Melhor Ator: Sebastião Pereira de Lima, por ‘Da Boca da Noite à Barra do Dia’ (PE)
Melhor Fotografia: Dani Drumond, por ‘Cantareira’ (SP)
Melhor Roteiro: R.B Lima, por ‘Adão, Eva e o Fruto Proibido’ (PB)
Melhor Direção de Arte: Rodrigo Lelis, por ‘Filhos da Periferia’ (DF)
Melhor Montagem: Lis Paim, por ‘Chão de Fábrica’ (SP)
Melhor Som: Bia Hong, por ‘Como Respirar Fora D’Água’ (SP)
Melhor Caracterização (Maquiagem): Vinne Negrão, por ‘Sayonara’
Melhor Caracterização (Figurino): Gabriella Marra, por ‘Chão de Fábrica’ (SP)
Melhor Filme com Temática Afirmativa: ‘Era uma Vez… Uma Princesa’ (RS), de Lisiane Cohen
Menção honrosa do Júri: às atrizes Karol Medeiros e Isabela Catão, por ‘Terra Nova’ (AM)
Mostra Brasília
‘Advento de Maria’, filme de Vinícius Machado, não só foi o favorito pelo voto do público, como também foi premiado em mais quatro categorias da mostra local: Melhor Atriz, Melhor Roteiro, Melhor Maquiagem e Melhor Figurino.
Filmado em Ceilândia, abrindo reflexão sobre violência e juventude nas quebradas, ‘Filhos da Periferia’, de Arthur Gonzaga, foi o grande vencedor na categoria Direção de Arte.
Vencedores da Mostra Brasilia

- Melhor Longa-Metragem pelo Júri Oficial: ‘Acaso’, de Luís Jungmann Girafa
- Melhor Curta-Metragem pelo Júri Oficial: ‘Benevolentes’, de Thiago Nunes
- Melhor Longa-Metragem pelo Júri Popular: ‘Advento de Maria’, de Vinícius Machado
- Melhor Curta-Metragem pelo Júri Popular: ‘A Casa do Caminho’, de Renan Montenegro
- Melhor Direção: Jimi Figueiredo e Sérgio Sartório, por ‘Noctiluzes’
- Melhor Atriz: Maria Eduarda Maia, por ‘Advento de Maria’
- Melhor Ator: Chico Sant’Anna, André Deca e Vinícius Ferreira, por ‘Noctiluzes’
- Melhor Fotografia: Gustavo Serrate, por ‘Cavalo Marinho’
- Melhor Roteiro: Vinícius Machado, por ‘Advento de Maria’
- Melhor Direção de Arte: Rodrigo Lelis, por ‘Filhos da Periferia’
- Melhor Montagem: João Inácio, por ‘O Mestre da Cena’
- Melhor Som: Hudson Vasconcelos, por ‘Ele tem Saudade’
- Melhor Caracterização (Maquiagem): Alzira Bosaipo, por ‘Advento de Maria’
- Melhor Caracterização (Figurino): Tiago Nery, por ‘Advento de Maria’
- Melhor Filme com Temática Afirmativa: ‘A Casa do Caminho’, de Renan Montenegro
- Menção honrosa do Júri: ‘Vírus’, de Larissa Mauro e Joy Ballard

Além dos Troféus Candangos, dedicados aos filmes vencedores, o 54º Festival de Brasília entregou outros prêmios especiais. A atriz carioca Léa Garcia, de 88 anos de idade e 70 de carreira, recebeu o Candango Pelo Conjunto da Obra 2021, em reconhecimento ao seu legado e contribuição fundamental para o teatro e cinema brasileiros. “Estar presente no Festival de Brasília é de grande importância pra mim. É difícil expressar a minha emoção e o quanto estou sensibilizada” declarou Léa.
“Nesse momento tão terrível para nós, em que a cultura padece tanto, quero parabenizá-los pela coragem, força e ideal de resistência. Estamos juntos, aguardando por dias melhores nesse país”, disse a consagrada atriz.
Léa é uma das maiores estrelas negras do cinema brasileiro. Com mais de 20 filmes no currículo, Léa também é conhecida por seus trabalhos em telenovelas, destacando-se como a vilã Rosa em A Escrava Isaura (1976), uma das novelas brasileiras que mais bem sucedidas internacionalmente.

O ator Gê Martu, nome célebre do teatro brasiliense homenageado em ‘O Mestre da Cena’ (DF), foi considerado “a grande personalidade” desta edição, recebendo o Troféu Saruê do caderno de cultura do Correio Brasiliense.
O Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro (CPCB) conferiu o Prêmio Marco Antônio Guimarães ao curta-metragem de Joel Pizzini, ‘Ocupagem’ (SP), considerado o título da competição que melhor utilizou material de memória, pesquisa e arquivos do cinema brasileiro.
O curta ‘Terra Nova’ (AM), de Diego Bauer, conquistou da Anistia Internacional Brasil a chancela de filme que mais se aprofunda nas agendas dos direitos humanos, levando o Prêmio Cosme Alves Netto para casa.
Escolhido pelo júri do canal parceiro, ‘Como Respirar Fora D’Água’ (SP), de Júlia Fávero e Victoria Negreiros’, recebeu o Troféu Canal Brasil.
O festival de Brasília distribuiu, ainda, o Prêmio Técnico Edina Fujii, que consiste na concessão de recursos em locação de equipamentos de luz, acessórios e maquinários, ao Melhor Curta da Mostra Competitiva pelo Júri Popular (R$ 15 mil), e aos Melhores Longa e Curta da Mostra Brasília pelo Júri Oficial (R$ 25 mil e R$ 10 mil, respectivamente).
Fotos: Divulgação, Paulo Cavera e Luis Jungmann Girafa/Reprodução