Luciléa Gonçalves assume Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão

A posse da professora Luciléa Ferreira Lopes Gonçalves como reitora da UEMASUL (Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão), no dia 16, coroa a trajetória de uma mulher que se dedica há 32 anos ao ensino de geografia nos níveis médio e superior.
Luciléa é professora da instituição desde 1990, a universidade foi fundada em 2016 após ser desmembrada da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão). Ela começou como professora substituta de geografia e hoje está no posto máximo de uma universidade pública.

A reitora Luciléa Ferreira Lopes Gonçalves, foi empossada em sessão solene do Conselho Universitário, com a presença do governador do Maranhão Flávio Dino. Luciléa Ferreira Lopes Gonçalves recebeu o cargo, com a aposição dos símbolos, samarra, borla e colar reitoral, da ex-reitora, professora Elizabeth Nunes Fernandes.
A reitora reforçou a importância da instituição, que, “apesar de menina”, já mostrou nos cinco anos de existência o quanto é forte e quanto vem contribuindo para o desenvolvimento do Maranhão, a partir de sua área de influência pela ciência, por meio do ensino, da pesquisa, extensão e da inovação”.

“A universidade é como sabemos, um espaço de produção do conhecimento, sendo este entendido como qualitativo acadêmico, realizado nas relações dialógicas e dialéticas entre mestres e estudantes como nos ensinou Paulo Freire. Lutamos por isto em nossa instituição”, disse a reitora.
Sobre a decisão do Governo do Estado em prol da universidade, lembrou que um discurso do governador Flávio Dino no qual ele afirmou que, de todas as obras que realizou no Maranhão, a mais importante foi a criação da UEMASUL. “Em razão disso, como forma de reconhecer e de agradecer pelo seu trabalho, pela valorização e fortalecimento do ensino superior, o Conselho Universitário desta universidade aprovou por unanimidade, a concessão do título de Doutor Honoris Causa ao governador Flávio Dino”, finalizou a reitora.
O título Doutor Honoris Causa é a honraria de maior destaque concedida por uma instituição de ensino superior a personalidades que tenham se destacado singularmente por sua contribuição à cultura, à educação ou à humanidade. O título honorífico concedido ao governador, por indicação da reitora Luciléa Ferreira Lopes Gonçalves, é o primeiro concedido pela Universidade.

O governador Flávio Dino destacou a importância da Universidade cuja criação representou autonomia, capacidade de criação de mais vagas, mais cursos, portanto, mais oportunidades para a juventude de toda região Tocantina, especialmente para a cidade de Imperatriz, possibilitando que o filho do pedreiro, do comerciante e do trabalhador rural possa sonhar e realizar”.
Dino ressaltou também a importância da ciência para a humanidade, citando a criação da vacina contra a Covid-19 em tempo recorde e agradeceu o recebimento do título Doutor Honoris Causa.

A Reitora é filha de um pescador que estudou até a 3ª série do ensino fundamental. Ela nasceu e viveu até os 10 anos na comunidade da Ilha de Peru, no município de Cururupu, litoral do Maranhão. Dividida entre parte continental e insular, a cidade é uma grande produtora de pescados,em especial, camarão.
Para chegar ao topo de uma Universidade, a nova Reitora contou com o apoio e incentivo dos pais para lidar com uma série de desafios. Estudar na ilha, à época, não era simples. Na comunidade onde morava existia apenas uma escola, que ensinava até a 4ª série do ensino fundamental (hoje 5º ano). Para dar continuidade aos estudos, era preciso viajar até a sede da cidade, fora da ilha. Foi então que, aos 10 anos, Luciléa e a irmã deixaram a comunidade e mudaram-se para Cururupu.

“A família do meu pai era de irmãos pescadores. Meu avô também era, mas depois que os seis filhos começaram a pescar, ele virou comerciante. Meu pai vendia esse camarão no Pará”, conta Luciléa.
“Foi com as viagens que o pai, Antônio Clemente, percebeu que um mundo novo poderia se abrir aos sete filhos. Ao ver esse mundo ele decidiu se esforçar para colocar todos os sete filhos pra estudar. Hoje, somos todos formados em universidades federais [com exceção de um irmão, que formou-se em uma estadual]. Ele formou todos sustentados pela pesca e venda do camarão lá da Ilha de Peru”, conta orgulhosa Luciléa Gonçalves, reitora da UEMASUL.
Em 1989 ela se formou na UFMA. No ano seguinte, passou na seleção da UEMA para trabalhar como professora substituta. Desde então, mora em Imperatriz (a 631 km de São Luís).
Além de ensinar nos cursos superiores, também era professora do ensino médio. “Trabalhava 40 horas na universidade e 20 horas na escola. Era manhã, tarde e noite, até que me aposentei do ensino médio em 2020. Fiquei só na universidade, mas já ia me aposentar quando me chamaram para disputar o cargo de reitora”, conta Luciléa Gonçalves.

A hoje reitora conta que a escolha de seu nome foi algo que não esperava. “Eu já tinha uma trajetória com administração de cursos, de centros acadêmicos e coordenação de polo. Sempre apostava na universidade pública, mas não esperava ser chamada. Foi uma surpresa”, explica.
O convite foi feito pela então vice-reitora Lilian Castelo Branco, que representava um grupo de professores da universidade que queria a candidatura de Lucélia. “Falaram que, pela trajetória que eu tinha, por ser mulher, seria importante me candidatar. Acho que isso veio a coroar toda uma trajetória na academia. Nunca tive o objetivo de ser reitora, mas fomos e ganhamos a eleição”, relata. Na chapa, além dela, também foi eleita a vice que a chamou para concorrer: Lilian Castelo Branco de Lima.

“Para mim, foi uma conquista de extrema importância que veio a coroar minha trajetória de trabalho, mostrar a força da mulher dentro da UEMASUL. Desde a fundação, foram duas mulheres reitoras; e eu fui a primeira eleita. Vi como era querida aqui dentro”, conta a reitora da UEMASUL.
A reitora afirma que tudo que enfrentou valeu a pena. “Hoje é muito mais fácil estudar, houve uma interiorização do ensino superior. A nossa universidade já tem três campi. Em Cururupu já teve curso de formação de professor. Antes as coisas eram muito mais difíceis, a comunicação e o transporte eram precários”.
A Reitora da UEMASUL possui da doutorado em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (2016); mestrado em Geografia pela Universidade Federal do Paraná(2010); mestrado em Educação pelo INSTITUTO PEDAGÓGICO LATINOAMERICANO Y CARIBENO (2000); Especialização em Geografia e Planejamento Ambiental PUC- Minas (1994); Bacharel pela Universidade Federal do Maranhão (1989) e Licenciada em Geografia pela Universidade Estadual do Maranhão (1995). É professora Adjunto na Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão – UEMASUL; professora do Estado do Maranhão, nível médio. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia, atuando principalmente nos seguintes temas: Geografia Cultural,Ensino de Geografia; Geografia do Maranhão; Evolução do Pensamento Geográfico; Educação ambiental e Educação.
Viva o protagonismo feminino. Parabéns professora doutora Luciléa Ferreira Lopes Gonçalves. Sucesso como regente superior de educação.
Fotos: UEMASUL e Reprodução