Mocidade Alegre é a grande campeã do carnaval 2023 de São Paulo
A Mocidade Alegre conquistou seu 11º título com o tema o primeiro samurai negro do Japão, Yasuke. A agremiação do bairro do Limão, na zona norte da capital, ao lado da Nenê de Vila Matilde, se torna a segunda escola com mais vitórias ao longo da história do carnaval paulista, atrás apenas da Vai-Vai.
As notas foram apuradas na tarde de terça-feira, 21, no Sambódromo do Anhembi, na capital paulista. A Mocidade Alegre somou 270 pontos. Em segundo lugar, ficou a Mancha Verde ( 269,9) seguida da Império de Casa Verde (269,9).
Após a somatória de todas notas, o quesito fantasia foi usado como primeiro critério de desempate em 2023. Os critérios seguintes foram, nessa ordem, mestre-sala e porta- bandeira, samba, evolução, alegoria, enredo, bateria e harmonia.
Mestre-sala Jefferson Gomes e a porta-bandeira Natália Lago deixaram a Mocidade na liderança isolada e em fantasia, último quesito, apesar de um 9.9, a Morada do Samba se consagrou campeã, com outras três notas dez, fechando com 270 pontos e acabando com o jejum de nove anos de títulos.
Quinta a desfilar pela passarela, a Mocidade Alegre levou para o sambódromo a trajetória do moçambicano Yasuke, o primeiro samurai negro da história do Japão. Da África, provavelmente de Moçambique, ele chegou ao Oriente no século 16, e, até então, os japoneses nunca haviam visto uma pessoa de pele preta.
O nome do guerreiro foi apresentado ao público no começo do espetáculo. Cada letra foi escrita em taikos, tambores orientais, que eram girados em 180° que, após o movimento, revelavam a palavra “morada”, apelido da escola.
O jovem enfrentou diversas dificuldades. Achavam que sua pele estava suja e a lavaram para limpar. O episódio foi retratado no segundo carro e no verso do samba: “Mandou banhar, escorreu beleza, a verdade da cor, a natureza. É preta sua armadura, tem na alma bravura, ninguém segura!”. Sua altura e força chamaram a atenção do nobre Oda Nobunaga, que o promoveu a samurai.
Na avenida, o carnavalesco Jorge Silveira fez uma mistura entre elementos africanos, com grandes esculturas e estamparias na primeira parte e da Ásia, com dragões, quimonos, espadas e armaduras na segunda parte.
As representações das gueixas e dos samurais japoneses indicaram o capricho e o cuidado da Mocidade com a fantasia. Nos carros-alegóricos, um guerreiro sendo banhado por uma queda d’água e o dragão abraçado a uma espada girando sobre a alegoria também impressionaram o público.
O último carro alegórico, com um menino negro segurando um origami e um livro, trouxe a mensagem que todas as crianças, assim como Yasuke, podem ser quem elas desejam. E foi esse sentimento que atingiu Tiago Modesto, de 13 anos, que teve o rosto gravado em uma das fantasias usadas pela Mocidade no desfile.
A médica Thelma Assis, que faz parte da comunidade da agremiação antes mesmo de ficar famosa, desfilou como musa da Mocidade neste Carnaval e comemorou a vitória. “É campeã! Que emoção, minha escola”, disse ela, nas redes sociais. “Somos todos Yasuke. Poder ter fé que todo preto pode ser o que quiser”, completou a ex-BBB.
Em 2020, a Mocidade ficou em terceiro lugar em 2021 não houve desfile por conta da pandemia da Covid-19, em 2022, em segundo lugar. Agora se consagra campeã.
A presidente da Mocidade, Solange Cruz, agradeceu o empenho da escola em seu discurso na quadra. “Não tenho nem palavras. Sabem que falo pra caramba, mas hoje não tenho palavras, somente gratidão a cada um de vocês que se doaram. Chegaram campeões e saíram campeões. Três anos batendo na grade, mas neste ano deu certo. A vitória vem da luta, a luta vem da força e a força, da união.”
Parabéns a todos que deram o máximo para este conquista principalmente o carnavalesco, Jorge Silveira, o Diretor Geral de Harmonia, Magno Oliveira, o coreógrafo da Comissão de Frente, Jhean Allex, o intérprete Igor Sorriso, a Rainha da Bateria, Aline de Oliveira e Jefferson Gomes e Natália Lago, Mestre Sala e Porta Bandeira da Mocidade Alegre.
Fotos: Reprodução
