Pentecostes: Espírito Santo, fonte inesgotável de harmonia, renovai a face da Terra

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Pentecostes: significado e importância do Divino Espírito Santo

Celebramos neste domingo, 28 de maio, Pentecostes, uma celebração religiosa cristã que comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo, cinquenta dias após a Páscoa. É uma das datas mais importantes do Calendário Litúrgico Cristão, juntamente com Páscoa e Natal. 

A representação do Divino Espírito Santo como uma pomba vem do Novo Testamento. Mais explicitamente da ocasião do batismo de Jesus.  A Bíblia ensina que “o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, [e] temperança”.

A palavra “Pentecostes” vem do grego pentēkostḗ, que significa “quinquagésimo”. Esta solenidade é celebrada cinquenta dias depois da Páscoa. A festa tem origem na liturgia dos judeus que celebravam a festa das colheitas. Era também chamada festa das semanas, pois ela acontecia sete semanas depois da Páscoa.

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Pentecostes: Espírito Santo, fonte inesgotável de harmonia, renovai a face da Terra

O significado do Pentecostes se ampliou após a ressureição de Jesus. De acordo com a narrativa bíblica, durante o Pentecostes, os discípulos estavam reunidos em Jerusalém quando o Espírito Santo desceu sobre eles em forma de línguas de fogo. Esse evento marcou o início da missão dos discípulos de espalhar a mensagem de Jesus pelo mundo.

Na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco presidiu a missa de Pentecostes neste domingo (28) e refletiu sobre a ação do Espírito Santo em três momentos: na criação do mundo, na Igreja e nos nossos corações. O celebrante foi o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

O Papa afirmou que a humanidade se encontra “desconectada” e criticou a quantidade de conflitos pelo mundo, assim como o mal que o homem é capaz de fazer. “Hoje no mundo há tanta discórdia e divisão. Estamos todos conectados, mas nos encontramos desconectados uns dos outros, anestesiados pela indiferença e oprimidos pela solidão”, afirmou Francisco.

O líder da Igreja Católica coloca o questionamento que muitos podem se fazer: “se tudo tem a sua origem no Pai, se tudo é criado por meio do Filho, qual é o papel específico do Espírito?”. Partindo de São Basílio, o Papa explica em uma palavra: dar harmonia ao mundo, dando ordem à desordem e coesão à dispersão, mas não “mudando a realidade, harmonizando-a”. Sobretudo no mundo de hoje, de tanta discórdia e divisão, anestesiados pela indiferença apesar de tanta conexão. De tantas guerras e conflitos, tudo alimentado pelo “espírito da divisão, o diabo”, descreve o Pontífice ao desafogar: “parece incrível o mal que o homem pode fazer…”.

“E sabendo o Senhor que, perante o mal da discórdia, os nossos esforços para construir a harmonia não são suficientes, Ele, no momento mais alto da sua Páscoa, no ponto culminante da salvação, derrama sobre o mundo criado o seu Espírito bom, o Espírito Santo, que Se opõe ao espírito divisor, porque é harmonia, Espírito de unidade que traz a paz. Invoquemo-Lo todos os dias sobre o nosso mundo, sobre a nossa vida e diante de todo tipo de divisão!”

O Papa finaliza a homilia da missa de Pentecostes pedindo para acolher e invocar o Espírito nos nossos corações. “O Espírito Santo é o motor da nossa vida espiritual, que nos faz ver tudo de maneira nova, segundo o olhar de Jesus”.

Se o mundo está dividido, se o coração está fragmentado não podemos perder tempo criticando uns aos outros ou ficando irritado conosco. Vamos invocar o Divino Espírito Santo que Ele é capaz de penetrar nos abismos mais profundos e nos proteger e resplandecer a nossa luz.

Prece ao Espírito Santo (Santo Agostinho)

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Pentecostes: vínculo sagrado que une o Pai e o Filho

Ó Divino amor, ó vínculo sagrado que unis o Pai e o Filho, Espírito onipotente, fiel consolador dos aflitos, penetrai nos abismos profundos do meu coração e fazei aí brilhar vossa resplandecente luz. Derramai vosso doce orvalho sobre essa terra deserta, a fim de fazer cessar sua longa aridez. Enviai os dardos celestes de vosso amor até este santuário de minha alma, de modo que nela penetrando acendam chamas ardentes que consumam todas as minhas fraquezas, minhas negligências e meus langores.

Vinde, vinde doce Consolador das almas desoladas, refúgio no perigo e protetor na aflição desamparada.
Vinde, Vós que lavais as almas de suas sordícies, e que curais suas chagas.
Vinde, força dos fracos, apoio daqueles que caem.
Vinde, doutor dos humildes e vencedor dos orgulhosos.
Vinde, Pai dos órfãos, esperança dos pobres, tesouro dos que estão na indigência.
Vinde, estrela dos navegantes, porto seguro dos que náufragos.
Vinde, força dos vivos e salvação dos moribundos.
Vinde, ó Espírito santo, vinde e tende piedade de mim. Tornai minha alma simples, dócil e fiel, e condescendei com minha fraqueza. Condescendei com tanta bondade, que minha pequenez ache graça diante de vossa grandeza infinita, minha impotência diante de vossa força, minhas ofensas diante da multidão de vossas misericórdias. Amém

“Fiel consolador dos aflitos”

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Espírito Santo é a memória de Deus em nós’, diz Papa Francisco

A consolação não é apenas trazer um sentimento de doçura e de ânimo que possa compensar a aflição que se está sofrendo. Mas é o fortificador. “Consolador” propriamente é dar força. Então “fiel consolador” é quem dá força sempre. Tonificador e fortificador contínuo dos aflitos: isso nos dá muito mais precisão do que nós devemos pedir. Não é apenas que tenhamos uma sensação de alento, de ânimo, de doçura, nos abrolhos de uma provação muito profunda, mas que tenhamos a força para resistir a essa provação. E não se trata de uma força de bravata, de espadachim, é uma força forte mesmo! É disso que se trata.

“…penetrai nos abismos profundos do meu coração e fazei aí brilhar vossa resplandecente luz”.

Aqui também é necessário considerar a palavra “coração”. Ela abrange a afetividade e ocupa aí não um lugar de contrabando, mas um lugar digno, porém é muito mais: são os abismos da alma onde se desenrola a Revolução tendencial; é – digamos assim – um certo “subconsciente da alma”. Então pede que esta força do Divino Espírito Santo penetre aí e que dê à pessoa o que é próprio à força. É um lugar misterioso da alma em que há trevas: é difícil perceber o que lá dentro se passa. Outro elemento a se observar: não pede tanto uma palavra quanto uma luz. Os senhores vêem o alcance da oração.

“Derramai vosso doce orvalho sobre essa terra deserta, a fim de fazer cessar sua longa aridez.” 

Ele supõe que as profundezas desta alma estejam na aridez. É, portanto, uma alma que está atormentada pela provação da aridez. O que pede então para isso? “Vosso doce orvalho sobre essa terra deserta…” Os senhores estão vendo que aí está mais próximo da palavra “consolação” no sentido comum do termo, ou seja, é um bálsamo, uma suavidade, um orvalho, algo desse gênero.

“…vosso doce orvalho sobre essa terra deserta.”

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Vinde Divino Espírito Santo e renovai a face da Terra

Ele não se refere a uma terra seca, mas é uma terra onde não há nada, uma terra vazia. E é nesse vazio da alma que deve vir um doce orvalho. São esses vazios interiores que se tem e que se traduzem do seguinte modo: cada um de nós – isso constitui até uma obrigação de polidez – no trato, causa a impressão de bem-estar, de satisfação, etc. Porém há uma certa região da alma onde, por efeito do pecado original, a pessoa sente a saciedade de si mesmo e ao mesmo tempo uma espécie de insuficiência. Não se basta a si próprio, sente-se uma solidão interior que constitui um tormento. E querer fazer cessar esse tormento é uma das molas do instinto de sociabilidade.

Fotos: Lola Gomez/CNS, Angelo Carconi/REUTERS e Reprodução