Bicentenário da Independência da Bahia é celebrado pelo Congresso Nacional

O Congresso Nacional celebrou o Bicentenário da Independência da Bahia em sessão solene nesta quarta-feira, 5 de julho. Também chamada de Independência do Brasil na Bahia, o dia 2 de julho relembra a expulsão do exército português, em 1823, no estado da Bahia, depois de batalhas que duraram mais de um ano.
A homenagem foi requerida pelos senadores Jaques Wagner (PT-BA) e Randolfe Rodrigues (AP) e dos deputados Bacelar (PV-BA), Alice Portugual (PCdoB-BA), Lídice da Mata (PSB-BA) e Rogéria Santos (Republicanos-BA). A cerimônia contou com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes; do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues; da diretora da Secretaria Legislativa do Congresso Nacional, Roberta Lys de Moura Rochael; dos deputados Daniel Almeida (PCdoB-BA), Márcio Marinho (Republicanos-BA), Joseildo Ramos (PT-BA) e Paulo Fernando (Republicanos-DF).

A sessão solene foi presidida pelo Senador Jaques Wagner. Ministra Margareth Menezes homenageou a Bahia, seu estado de origem, cantando o hino baiano e a música Hino do Senhor do Bonfim acompanhada pela orquestra sinfônica da Força Aérea Brasileira. A orquestra também apresentou as músicas Saudade da Bahia, Lamento Sertanejo e Toda Menina Baiana, que foram cantadas por Taís Nader.
O senador Wagner, ex-governador da Bahia, lembrou que o hino do Senhor do Bonfim possui estreita relação com o 2 de julho. “Esse hino foi feito em 1923, exatamente em comemoração ao centenário de 2 de julho de 1823. Um dos versos fala que “há cem anos, nossos pais conduziste à vitória”. Então, além de ser um hino de agradecimento ao senhor do Bonfim, é uma reverência a data maior da Bahia, que é o 2 de julho de 1823”, declarou Jaques Wagner.

“O pano de fundo da resistência no Brasil eram as ideias progressistas da época, que já pregavam a autonomia política, a república, o fim da escravidão e dos privilégios das classes econômicas e políticas. O escritor Laurentino Gomes, em sua obra 1822, afirma que a manutenção da unidade nacional só foi possível por conta da resistência baiana. Não fosse o 2 de julho, fatalmente o território brasileiro seria dividido em duas partes“, declarou o senador baiano.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, comparou a luta pela independência com o momento atual e salientou a importância da democracia. Margareth disse que a data prestigia a memória de todos aqueles que foram cruciais para a independência. “Gente simples e trabalhadora, mesmo tipo de gente que em pleno século 21 reabre diálogo do Brasil consigo mesmo e com o mundo, que valoriza o que é nosso. Essa é nossa verdadeira independência. Essas conquistas não podem ser consideradas perenes, tem que ser defendidas diariamente. Os eventos de 8 de janeiro mostram de forma contundente a importância de termos viva na memória as dificuldades do passado, para que a gente não repita os mesmos erros. A memória é um tema em que a cultura é central”.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, disse que relembrar as lutas na Bahia é uma forma de reafirmar o protagonismo do povo. Jerônimo também criticou as poucas menções a negros e mulheres nos livros de história.
“Temos a clareza de que eventos como esse, de celebrar o 2 de julho, podem garantir que nossa história não seja apagada. Um povo colonizado não tem capacidade de planejar seu futuro, não tem força suficiente para escolher seu destino. Passamos tempos vivendo essa condição. Foi preciso derramamento de sangue para que pudéssemos ter nossa soberania. O mais forte para a gente é quando a nossa história é contada por nós mesmos. Nós, infelizmente, não temos nos livros de história a história do povo negro, das mulheres, do povo do interior. A história de Maria Felipa e Joana Angélica não estão nas páginas da imprensa”, disse o chefe do Executivo da Bahia, se referindo às figuras femininas baianas que se destacaram nas lutas pela independência.

A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) lembrou que, 200 anos atrás, os negros escravizados eram a maioria da população brasileira – mais de 80%. Eles participaram das lutas pela independência com a promessa de uma abolição que só aconteceu 65 anos depois. “Nós precisamos incluir os negros na democracia brasileira, que foi o caminho escolhido pelas forças democráticas do 2 de julho, e, finalmente, pelo povo brasileiro, na sua história seguinte”.

Memória
Em 7 de setembro de 1822 foi proclamada formalmente a independência do Brasil do domínio português. Mesmo depois do Grito do Ipiranga, a Bahia continuou dividida, com tropas leais a Portugal lutando contra as que apoiavam o novo imperador.
A conquista da independência plena, porém, demandou lutas em diversas localidades onde era grande a presença de tropas da Coroa lusitana e os portugueses resistiam contra a libertação. O povo baiano levantou-se em armas contra o colonizador e travou batalhas para expulsar definitivamente as tropas da Coroa e consolidar a independência do Brasil.
A atuação dos baianos foi inspirada pelos ideais revolucionários que prosperaram no séculos 18 e 19. As lutas contra as forças coloniais duraram quase um ano e só terminaram em 2 de julho de 1823, quando os portugueses foram expulsos da Bahia e a independência do Brasil consolidou-se em definitivo.
Ao término da sessão, parlamentares e convidados posam para foto.

Além da sessão solene do Congresso Nacional, os 200 anos da Independência da Bahia são homenageados por uma exposição no Corredor Tereza de Benguela, que dá acesso ao plenário da Câmara. A mostra tem fotos, ilustrações e textos e está em cartaz até o dia 21 de julho. Ela pode ser visitada das 9h às 17h.
Fotos: Edilson Rodrigues/Agência Senado