UFRJ começa a estudar alimentação e o estado nutricional das crianças no Brasil
A alimentação infantil exige muita atenção dos pais, pois eles são os maiores responsáveis por proporcionar hábitos saudáveis de alimentação. Até os seis primeiros meses de vida, o principal alimento de que a criança necessita é o leite materno. O alimento é importante pois auxilia na formação do sistema nervoso da criança, além de aumentar o laço afetivo entre mãe e bebê.
A partir dos seis meses de idade a mãe deve começar a estimular seu filho a manter uma alimentação balanceada, consumindo alimentos saudáveis como frutas, verduras e legumes e evitando alimentos como enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas. É extremamente importante que os pais deem o exemplo, e também mantenham hábitos saudáveis, já que são eles que determinam o que se consome dentro e fora de casa.
Para muitos especialistas, a rotina corrida dos pais é um dos principais motivos da má alimentação e consequente sobrepeso dos filhos, pois nessa correria cotidiana os pais oferecem alimentos industrializados mais fáceis de serem feitos e acabam transformando isso em um hábito.
Hábitos alimentares errôneos em fase de crescimento podem conduzir a problemas nutricionais em curto prazo, tais como comprometimento do crescimento e do desenvolvimento na infância, bem como facilitar o aparecimento de doenças não transmissíveis na fase adulta.
Com o objetivo de avaliar o estado nutricional infantil, o sobrepeso e a obesidade nas crianças menores de 5 anos, a Universidade Federal do Rio de Janeiro começou nesta segunda-feira a primeira etapa do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani). O estudo tem o apoio do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O Enani será coordenado por Gilberto Kac, do Instituto de Nutrição José de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e terá três metas. A primeira é mapear deficiências de micronutrientes (vitaminas e minerais) entre as crianças com menos de cinco anos, em termos de alimentação e nutrição.
Depois as equipes vão recolher dados nacionais sobre aleitamento materno exclusivo e complementar, consumo de ultraprocessados, doação de leite materno e bancos de leite, amamentação cruzada (quando uma mãe amamenta o filho de outra mulher). “Esse é o segundo grande objetivo”, afirmou o coordenador do Enani. A insegurança alimentar, habilidade culinária doméstica e alimentação saudável, também serão estudadas.
A coleta de dados para o Enani será feita por 342 equipes no país, sob a coordenação da Sociedade para o Desenvolvimento da Pesquisa Científica (Science), integrada por coordenadores aposentados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o coordenador do estudo, Gilberto Kac, se houver algum problema relevante, a criança será encaminhada a uma unidade básica de saúde e as famílias poderão ter acesso às conclusões do estudo. A coleta de dados vai até dezembro próximo, com a divulgação dos resultados a partir de fevereiro de 2020.
A primeira fase do estudo, inédito no Brasil com a abrangência e o detalhamento propostos em âmbito nacional,vai começar no Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. O Enani vai percorrer 123 municípios de todas as regiões do país. Foi desenvolvido um aplicativo específico para esse estudo e a pesquisa toda é feita em um tablet. Há um questionário geral sobre uma série de assuntos, que englobam desde questões socioeconômicas até a história reprodutiva e desenvolvimento infantil.
“Esse é o primeiro aspecto inédito do estudo. A gente vai medir sangue de crianças entre seis e 59 meses e vamos dosar uma série de marcadores que jamais foram estudados no Brasil com essa magnitude”, declarou Gilberto Kac.
