Dia Mundial de Luta Contra a Aids – o HIV segue como um desafio para a saúde pública
A data foi criada pela Assembleia Mundial da Saúde, em 1987, com o objetivo de alertar a população e conscientizá-la sobre as formas de combate ao HIV. O 1º de Dezembro de 2019 é um momento para refletimos sobre como evitar, diagnosticar ou tratar melhor essa infecção sexualmente transmissível que segue como um desafio para a saúde pública.
Esta luta tem a pretensão de conscientizar a população sobre uma das doenças ainda sem uma cura definitiva, a AIDS. Não apenas informar e comunicar as pessoas sobre os sintomas, cautelas e formas de se prevenir da doença, a data Mundial de Luta contra a AIDS também tem o cargo de auxiliar no combate contra o preconceito que os soropositivos sofrem na sociedade por causa da doença.
O tempo passou e hoje é possível viver com o HIV, mas a aids ainda é uma realidade. Atualmente, 75% das pessoas vivem com o vírus e conhecem seu estado sorológico. A meta da ONU é garantir que até 2020 esse número chegue a 90%, e desses, pelo menos 90% dessas pessoas recebam tratamento e entre os que recebem tratamento, 90% tornem indectáveis – estado em que a pessoa não transmite o vírus e consegue manter qualidade de vida sem manifestar os sintomas da aids.
No Brasil, 92% das pessoas em tratamento já atingiram esse estado de estarem indetectáveis. Essa conquista, se deve ao fortalecimento das ações do Ministério da Saúde, por meio do DIAHV, para ampliar a oferta do melhor tratamento disponível para o HIV. Exemplo disso, é que o país incorporou o dolutegravir como medicamento de primeira linha para tratar os pacientes.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, lançou na sexta-feira (29), em Brasília, Campanha de Prevenção ao HIV/aids. Assim como registrado nos últimos anos, a infecção por HIV cresce mais entre os jovens. A maioria dos casos de infecção no país é registrada na faixa etária de 20 a 34 anos, com 18,2 mil notificações (57,5%). Em 2018, 43,9 mil casos novos de HIV foram registrados no país. A notificação para infecção pelo HIV passou a ser obrigatória em 2014, assim como o tratamento para todas as pessoas vivendo com HIV, independente do comprometimento imunológico. A medida trouxe mais acesso ao tratamento e aumento de diagnósticos. Com isso, nos últimos cinco anos, a tendência de queda na taxa de aids foi maior.

A nova campanha contra HIV/aids estimula público jovem a realizar a testagem. “Uma das forças que move o ser humano é o medo. E ver ídolos morrerem trouxe impacto para a minha geração e temor em contrair a doença. Quando os primeiros casos foram identificados no Brasil e no mundo, não tínhamos o tratamento que temos hoje. Mas os jovens entre 20 e 34 anos não conhecem a cara do inimigo, não entendem que a doença mata. A gente antevê várias lutas contra o preconceito, contra a doença e precisamos trabalhar para que jovens parem de se infectar com o HIV. Precisamos trabalhar mecanismos de mobilização para conscientizar esse público e informar das consequências da doença, da necessidade de fazer o teste e buscar tratamento. É uma luta da ciência pela vida”, declarou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

No início dos anos 90, Brasil e África do Sul tinham taxas similares de infecção por HIV. Hoje, 18% da população da África do Sul tem o vírus, contra 0,4% da população brasileira.
O médico Rico Vasconcelos, Infectologista na SEAP/HIV, ambulatório especializado do Hospital das Clínicas da FMUSP, diz que “O Brasil foi uma referência por ter adotado muito antes de outros países de renda média ou baixa medidas, como terapia para todo mundo, que na época pareciam uma loucura”.
E há motivos para otimismo. Nos últimos cinco anos, o número de mortes pela doença no país caiu 22,8%, de 12,5 mil em 2014 para 10,9 mil em 2018. A cidade de São Paulo se tornou recentemente a maior cidade do planeta até hoje a receber o certificado por ter eliminado a transmissão vertical do HIV, ou seja, de mães que vivem com o vírus para seus bebês. Só duas outras cidades brasileiras já tinham a certificação: Curitiba, com 1,9 milhão de habitantes, e Umuarama, com 111 mil.
Mesmo diante destas boas notícias os especialistas estão preocupados se as políticas públicas na área vão continuar sendo baseadas nas melhores evidências disponíveis e referências internacionais.
Apesar do conceito de “grupos de risco” de infecção por HIV ter sido superado há muito tempo, os especialistas alertam que a política pública precisa considerar que há grupos onde a prevalência é mais alta e que precisam ser abordados de forma específica.
Eles incluem homens que fazem sexo com outros homens, profissionais do sexo, transsexuais e pessoas no sistema prisional, por exemplo. Quem trabalha com populações vulneráveis também destaca que o HIV/Aids está fortemente relacionado com outras problemáticas sociais, como raça e pobreza, e que há obstáculos que vão além do mero acesso ao teste, camisinha e tratamento.
A maioria dos novos casos de infecção no país é registrada na faixa etária de 20 a 34 anos, com 57,5% do total, apesar de haver uma alta notável também nos casos entre idosos.

O Dia Mundial de Luta contra a Aids tem a pretensão de conscientizar a população sobre uma das doenças ainda sem uma cura definitiva. Não apenas informar e comunicar as pessoas sobre os sintomas, cautelas e formas de se prevenir da doença, a data Mundial de Luta contra a AIDS também tem o cargo de auxiliar no combate contra o preconceito que os soropositivos sofrem na sociedade por causa da doença.
A luta continua durante todo o mês com a campanha Dezembro Vermelho que tem o foco na conscientização sobre como se prevenir do vírus HIV, que desenvolve a AIDS. A Campanha foi instituída pela Lei 13.504/2017, sancionada pelo presidente da República, Michel Temer, e publicada no Diário Oficial da União. A nova lei resultou da aprovação, pelo Senado, do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 60/2017, relatado pela senadora Marta Suplicy (PMDB-SP).

A campanha será constituída de um conjunto de atividades e mobilizações com foco na prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas que vivem com a doença. De acordo com a lei, as atividades e mobilizações serão desenvolvidas em consonância com os princípios do Sistema Único de Saúde, de modo integrado em toda a administração pública, com entidades da sociedade civil organizada e organismos internacionais.

Além da iluminação de prédios públicos com luzes de cor vermelha, o movimento terá palestras e atividades educativas; veiculação de campanhas de mídia e realização de eventos.
Fotos: José Cruz/Agência Brasil