Brasil conquista dois ouros no atletismo paralímpico em um só dia

O atletismo brasileiro inicia sua participação nos Jogos Paralímpicos de Tóquio com estreia vitoriosa no lugar mais alto do pódio. Os responsáveis por estas conquistas foram Yeltsin Jacques, nos 5.000m da classe T11, para atletas com deficiência visual, e Silvânia Costa, também na classe T11 saltou lindamente para o bicampeonato.

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Yeltsin Jacques ganhou o ouro nos 5.000m masculino T11 no atletismo paralímpico de Tóquio

Yeltsin Jacques, de 29 anos,natural de Campo Grande (MS) foi o responsável pela primeira medalha dourada do atletismo brasileiro logo na estreia da modalidade nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, na noite de quinta-feira, dia 26 de agosto e conquista a sua primeira medalha em Olimpíadas.


A disputa foi emocionante com Yeltsin liderando ao lado de seu guia Laurindo Nunes nos primeiros 3000m e ao lado de Carlos Antônio dos Santos nos últimos 2000m. O atleta se manteve na ponta até faltarem apenas 400m para o fim, quando foi ultrapassado pelo japonês Kenya Karasawa. Quando tudo parecia perdido ele se recupera numa arrancada sensacional, retomou a liderança na última volta, já pertinho da linha de chegada. E atravessou-a em primeiro com o tempo de 15min13s62, cerca de dois segundos do recorde mundial.


“Sou grato a Deus, à minha esposa, sempre do meu lado, meu pai, minha mãe, meu treinador e à equipe do Comitê Paralímpico. A gente trabalhou muito por esse resultado. E vem mais ouro para o Brasil”, declarou o medalhista paralímpico.

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Kenya Karaswaya do Japão, prata; Yeltsin Jacques do Brasil, ouro; e o japonês Shynia Wada, bronze no atletismo paralímpico em Tóquio

No lugar mais alto do pódio o brasileiro Yeltsin Jacques ao lado do seu guia Laurindo Nunes, confraterniza com os medalhistas paralímpicos de Tóquio. O japonês Kenya Karaswaya terminou em segundo, com 15min18s12, e o bronze foi para outro japonês, Shynia Wada, com 15min21s03.


“O programa Bolsa Atleta é fundamental para o meu sustento e para poder focar no esporte. Sou contemplado no mais alto nível do Bolsa Atleta desde 2013. Minha primeira prova internacional foi em 2009, pelo CPB, e sempre tive como referência o Bolsa Atleta. Hoje é o principal suporte, assim como a estrutura que eu tenho em Campo Grande para treinar”, declarou o medalhista de ouro em Tóquio.

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Yeltsin Jacques ganhou o ouro nos 5.000m masculino T11 no atletismo paralímpico de Tóquio


Yeltsin Jacques já conhece o pódio. Ganhou o ouro nos 1.500m nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019 e nos 1.500m e nos 5.000m nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015, Yeltsin tem ainda prata nos 1.500m e bronze nos 800m no Mundial de 2013 na França.


O início da carreira de Yeltsin Jacques foi nas Paralimpíadas Escolares, em 2007, quando se destacou nas provas de fundo.

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Silvânia Costa é bicampeã paralímpica no salto em distância da classe T11, para deficientes visuais com baixa ou nenhuma visão. A brasileira saltou 5 metros cravados para garantir a medalha de ouro nas Paralimpíadas de Tóquio e repetir o resultado dos Jogos do Rio 2016.


A atleta sul-matogrossense de 34 anos festejou muito o resultado, gritando e pulando com seu guia, Vinicius Martins pois garantiu também sua melhor marca da temporada. A prata ficou com Asila Mirzayorova, do Ubzequistão, e o bronze com Yullia Pavlenko, da Ucrânia.

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Asila Mirzayorova, do Ubzequistão prata, Silvânia Costa do Brasil ouro e Yullia Pavlenko da Ucrânia bronze no atletismo paralímpico de Tóquio


“Não foi uma prova muito fácil. Foi uma prova que eu entrei e no finalzinho tive muita garra, muita determinação, e ir para cima. Antes mesmo de finalizar a prova já estava comemorando. Eu sabia o tanto que eu tinha batalhado e lutado, o tanto que eu passei para chegar até aqui”, comentou Silvânia em entrevista ao SporTV.


A saltadora teve bebê logo depois da Rio-2016 (ela não sabia, mas competiu a Paralimpíada grávida), e foi suspensa por doping em meados de 2019, depois de testar positivo para a substância proibida Metilhexanamina. Fora do Parapan e do Mundial de 2019, ela ficou um ano e meio suspensa, apesar de ter alegado que consumiu a substância por um erro do seu guia, que deu a ela um suplemento errado.


Silvânia Costa de Oliveira só voltou a treinar no início desse ano. “Os últimos cinco meses foram muito doloridos, ralei muito, e consegui chegar até aqui. Essa medalha vem com sabor de vitória e superação. Eu consegui dar a volta por cima de todos os problemas e consegui chegar até aqui”, afirmou a medalhista olímpica.

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Silvânia Costa é bicampeã paralímpica no salto em distância da classe T11 na Paralimpíada de Tóquio


Silvânia tem uma enfermidade chamada Doença de Stargardt,desde criança e por isso, sua visão regride paulatinamente. Com 18 anos entrou no esporte e a partir dai passou a ser uma ferramenta de inserção social.


A primeira vitória foi em Três Lagoas quando tinha 19 anos. Ela estava desempregada e resolveu participar de uma corrida de rua em Campo Grande. Ganhou como prêmio 300 reais.


Fotos: Wander Roberto/CPB, Kyodo News e Carmen Mandato/Getty Images e Helano Stuckert/ rededoesporte.gov.br