Gabriel Boric é eleito como o presidente mais jovem da história do Chile

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Gabriel Boric, ex-líder estudantil, foi eleito como o presidente mais jovem da história do Chile


Gabriel Boric, ex-líder estudantil, de 35 anos, foi eleito no domingo, dia 19 de dezembro, como o presidente mais jovem da história do Chile. Sua candidatura representa a coalizão “Aprovo Dignidade”, que reúne a Frente Ampla e o Partido Comunista.


Sua vitória significa uma guinada à esquerda, que rompe com três décadas de alternância entre os partidos de centro desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990.


O ex-líder estudantil derrotou com 55% dos votos, o advogado de extrema direita José Antonio Kast, de 55 anos, com mais de 11 pontos de diferença no segundo turno das eleições.

O líder da Frente Ampla, representa a parte da sociedade chilena que quer “mudanças profundas” e que liderou os protestos pela igualdade de 2019. Boric defende melhores pensões, educação e saúde para os chilenos, com o objetivo de transformar o país num Estado social, similar ao que pretende a social-democracia europeia. Boric também põe muita ênfase no ambientalismo e no feminismo.

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Gabriel Boric, de 35 anos, é eleito novo presidente do Chile


Boric não tem medo de mudar de direção. Durante os quase sete meses de campanha, ele foi de um discurso de menino rebelde que liderou os protestos estudantis de 2011 exigindo “educação pública, gratuita e de qualidade” para o de um social-democrata.


Boric afirmou que, como presidente, quer “garantir um Estado de bem-estar social para que todos tenham os mesmos direitos, não importa quanto dinheiro tenham na carteira”.


“Se o Chile foi o berço do neoliberalismo na América Latina, também será o seu túmulo”
, declarou ao ser anunciado como candidato. Na campanha eleitoral, Gabriel Boric pediu que “a esperança vença o medo” diante das críticas que o classificam como “extremista” por sua aliança com os comunistas.

“Somos os herdeiros daqueles que lutaram para fazer do Chile um país mais justo e digno”, argumentou em seu discurso de encerramento de campanha, durante o qual propôs um país voltado para a melhoria dos direitos básicos de uma população que sofre com graves desigualdades, após seguir por 31 anos o modelo neoliberal imposto durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).


Boric nasceu na cidade austral Punta Arenas, no extremo sul da Patagônia, em uma família de classe média de bisavós croatas e catalães. Ele é o mais velho de três irmãos e se mudou para Santiago para estudar Direito na Universidade do Chile, mas ainda não se formou.


Boric tem, como ele define, “um farol que ilumina uma ilha deserta”. Foi em sua cidade natal às margens do Estreito de Magalhães, onde este político começou a sonhar com este modelo de bem-estar para o seu país.


“Sou da Patagônia Austral, onde começa o mundo, onde se fundem todos os contos e a imaginação, no Estreito de Magalhães, que inspirou tantos romances”, disse, orgulhoso de sua região.

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Punta Arenas, no extremo sul da Patagônia, cidade natal de Gabriel Boric, novo presidente do Chile


Leitor ávido, diz que poesia e história o relaxam. Solteiro e sem filhos, tem um relacionamento de quase três anos com a cientista política Irina Karamanos


Entre seus simpatizantes estão artistas famosos como o cineasta Pablo Larraín, diretor de “No” (2012) e “Jackie” (2016), filho do ministro da Justiça do governo Piñera e cuja família está na chamada elite de direita.

Fotos: AP Photo/Andres Poblete e Reprodução